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Colunistas: Carlos Júlio

Aprendendo com Atenas para evitar a gestão irresponsável

Quem estava diante da TV, no domingo passado, viu com tristeza os combates de rua em Atenas. Lojas foram saqueadas e prédios antigos foram incendiados.

Os tumultos começaram quando grupos ligados a sindicatos promoveram uma passeata para protestar contra um pacote de ajuste que inclui redução de 22% do salário mínimo, corte em pensões e aposentadorias e extinção de milhares de cargos públicos.

Essas imagens contrastam com aquelas de um país em evolução, dinâmico e esperançoso, vistas há poucos anos, durante a realização da Olimpíada de 2004.

Essa grave crise, que afeta também Itália, Espanha, Portugal e Irlanda, não podia ser prevista, também, quando do festivo lançamento do Euro em forma de cédulas e moedas, há 10 anos.

Há diversas causas para crise na Zona do Euro. É importante ressaltar, no entanto, que se trata de uma crise sistêmica, não apenas econômica, mas também política.

De forma geral, o ingresso no grupo exigiu o cumprimento de determinadas metas de convergência. No entanto, os critérios foram aplicados sem o devido rigor em alguns países.

Trato com mais detalhe desse descompasso global em meu livro A Economia do Cedro, mostrando de que forma a gestão irresponsável de ativos públicos ou privados podem contaminar integralmente os sistemas de troca de valores.

v Em boa parte dos países encrencados com dívidas, não vale o diagnóstico convencional: “gastaram mais do que podiam”. Nesse caso, os investimentos tinham justamente o objetivo de alavancar a economia de países economicamente mais atrasados. Portanto, a frase que cabe aqui é: “gastaram e não transformaram esse aporte em incremento da capacidade produtiva”.

Imagine uma empresa que toma empréstimo num banco de fomento. Ela precisa investir adequadamente esse valor para elevar sua produção. Ela, no entanto, não se qualifica, não se reequipa e, consequentemente, não amplia seu mercado. Dessa forma, passa a enfrentar dificuldades para quitar seu débito. Algo semelhante ocorreu em países da periferia do Euro.

Para resumir o drama, podemos dizer que os investimentos nesses países não constituíram uma rede de negócios sustentáveis. A cada rombo, contraíam mais empréstimos, sem fazer a lição de casa, sem produzir lastro para os valores nominais incorporados à economia.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirma que outro dos motivos para a crise é a distorção dos riscos de crédito. Numa entrevista à Reuters, Barroso sentenciou: - A crise soberana atual tornou-se sistêmica e é conduzida não apenas por fundamentos orçamentários, mas também pela má precificação do risco de crédito por investidores e pelo comportamento de rebanho dos mercados no curto prazo.

É claro, portanto, que os problemas europeus estão intimamente ligados à crise dos subprimes norte-americana, que espalhou ativos tóxicos por bancos de todo o mundo. Instituições em risco tornaram-se, de um dia para outro, sócios de alta periculosidade para os governos nacionais.

É certo que a resolução dos problemas nos países em dificuldades depende também de medidas de longo prazo, principalmente aquelas destinadas a gerar capacidade produtiva nos países debilitados.

Como bem disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao Huffington Post, em novembro último, os responsáveis pela turbulência financeira não apenas escaparam de ser punidos, como ainda receberam bônus pelo desarranjo financeiro. O professor completou assim seu pensamento: - O Banco Central Europeu e o FMI demandam daqueles países em virtual falência sacrifícios fiscais que fazem impossível um retorno ao crescimento e à normalidade. O desemprego não será reduzido porque não há nem consumo nem investimento. Ele tem razão! O limão grego já foi cortado e amassado. Agora, está sendo comprimido e triturado para que se ache ainda algum sumo restante. A constituição de uma economia sustentável, no entanto, deveria passar justamente pela ampliação da plantação de limoeiros, o que requer boa vontade e alguma paciência.

Pacotes recessivos, como esse em aplicação na Grécia, efetivamente geram alívio temporário e alegram os credores, mas não brecam a espiral descendente da economia. Em algum momento, o país precisará reempregar as pessoas, reativar a produção e gerar riquezas.

Há milhares de anos, os gregos nos ensinam, pelo erro ou pelo acerto, pelo amor e pelo ódio. Que prestemos atenção ao enredo da tragédia atual, e que saibamos escolher outro caminho.

Afinal, a teoria, na prática, funciona!


Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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