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Colunista

Talentos de Qualidade para o Futuro

- Menino(a)! Vai estudar!

Esta é a clássica frase mais ouvida pelas crianças em todo o mundo. Os pais sempre querem o melhor para os filhos e estudar é a primeira recomendação das famílias preocupadas com o futuro da nova geração. E a escola é maravilhosa. Mesmo com as ressalvas decorrentes dos problemas na educação, a escola é, sempre foi e sempre será um importante agente de formação e superação do ser humano. E todos os méritos das pessoas que tiveram a oportunidade de freqüentá-la são graças aos bravos mestres, que nos educam com toda paciência desde a infância, dedicando um grande esforço nem sempre bem recompensado.

Por incrível que pareça, com toda a bagagem e relevância que a educação acumulou ao longo dos anos, paradoxalmente estamos vivendo um tempo em que o valor do conhecimento passou a depender de outro atributo somente realizável pelas “mãos do homem”: a capacidade de criar, e de preferência coisas novas, ou seja, a capacidade de gerar inovação. No entanto, o nível de conhecimento sempre fez e sempre fará toda a diferença para aumentar as chances de sucesso no âmbito profissional de um indivíduo. Até há pouco tempo atrás, teoricamente, quanto mais conhecimento se tinha, mais próximos do sucesso estaríamos. E é justamente por isso que a escola ainda ocupa a posição de maior destaque, em se tratando de desenvolvimento humano, pois é ela que sempre direcionou o processo de geração do conhecimento, seguindo modelos pedagógicos e de conteúdo pré-definidos.

Na pedagogia, muito se avançou nas últimas décadas; novas abordagens, novas metodologias de ensino e a interface entre tecnologia e educação, que “abriu portas” para o processo de evolução da aprendizagem. Mas os caminhos propostos pelas escolas para a definição de nosso destino profissional, ainda limitam-se, na maior parte dos casos, aos cursos que as universidades oferecem inibindo ou até mesmo forçando o indivíduo a fazer escolhas nem sempre guiadas por seus verdadeiros talentos, mas pelas opções disponíveis no contexto exclusivamente acadêmico. Este é um problema grave, que passa despercebido de geração em geração e que atinge principalmente os jovens que estão na faixa dos 17 anos de idade, quando se vêem diante da obrigação de escolher uma profissão.

Recentemente fui contratado por uma universidade brasileira para uma conferência sobre a importância de se olhar para o mercado, como um eleitor daqueles que percebem suas mais sutis e caóticas mudanças. Estou falando da mais expressiva das mudanças; a demanda por pessoas inovadoras e com a capacidade de integrar diferentes áreas do conhecimento criando novos e diferenciados valores para a sociedade. Tais diferentes áreas não se referem somente ao conhecimento transmitido nas escolas e universidades, mas a todo tipo de conhecimento que possa existir no planeta, inclusive o conhecimento artístico, que infelizmente está se perdendo com o passar do tempo, limitando as pessoas de desenvolverem percepções diferenciadas sobre o mundo. Enquanto isso, no universo empresarial, a grande maioria de trabalhadores padece de tanto reclamar da insatisfação com o trabalho que realizam. Mais do que problemas intrínsecos ao modelo econômico e social, temos sérios problemas nas raízes do desenvolvimento profissional. As crenças sociais, econômicas e principalmente culturais continuam limitando a maior parte dos jovens de ter a oportunidade de descobrir seus talentos, de forma a oferecer para si mesmos e para o mercado, seu máximo desempenho.

Um grande pensador brasileiro da área de educação disse-me recentemente que muitas escolas estão propositalmente ocupando todo o tempo dos alunos, sem deixar espaços livres para que eles pensem em algo mais, senão na preparação para o vestibular. Este tempo livre, que vem sendo preenchido pelos múltiplos esforços para a “grande prova da vida”, refere-se ao que o sociólogo italiano Domenico de Masi chama de Ócio Criativo. Defendendo um ponto de vista, em minha opinião genial, De Masi aponta que o ócio é também relevante para o desenvolvimento e que os paradigmas e conflitos sociais presentes no planeta são causados pela incapacidade da sociedade pós-industrial de aceitar mudanças e pela conseqüente dificuldade de gerar inovação, em tudo. Para enxergar como isso faz sentido, basta pensar que em muitas empresas não é permitido em hipótese alguma ficar ocioso, o trabalho tem que estar sempre em execução, ou seja, não é permitido pensar, criar, refletir, inovar. Isso nos remete a um paralelo inquestionável; no modelo de educação dos colégios tradicionais, simplesmente nascemos, crescemos, vamos para a escola e até o décimo sétimo ano de vida estaremos sendo preparados literalmente para um único dia de nossas vidas: o dia do vestibular. E nesta jornada, tudo o que for de lazer, de arte ou de outra procedência não escolástica é pura “perda de tempo” como dizem os pais e professores mais conservadores. E assim se forma uma legião de insatisfeitos e uma minoria de “gênios”, estes últimos, verdadeiros sortudos que descobriram pela oportunidade ou pela sorte, seu verdadeiro talento fato que há anos não é encarado com lucidez trazendo sérios reflexos para a grande massa de pessoas que ocupam as vagas do mercado de trabalho no Brasil e no mundo.

Assim, com base nos estudos de especialistas em cenários e tendências e em minha pesquisa independente no universo mercadológico e humano, presumo que a geração de talentos de qualidade para o futuro passa por três principais fatores:

Pela existência de oportunidades e estímulos para a descoberta do talento desde a infância;
Pelo estímulo à combinação de diferentes áreas do conhecimento no mesmo indivíduo;
Pela diversidade e singularidade das profissões resultantes da combinação destes dois primeiros fatores, com base no mercado futuro que necessitará de especialistas em soluções e não mais especialistas em ferramentas.


Em mercados que passaram a ser impulsionados pela inovação, somente o conhecimento gerado dentro dos mesmos moldes que formavam pessoas há mais de 30 anos, não será determinante para a formação dos verdadeiros talentos de qualidade para o futuro. É claro que a escola continuará sendo um importante agente para a formação de cidadãos, mas a estrutura educacional básica ainda vigente em todo o mundo é definitivamente não só arcaica como limitadora dos talentos, principalmente, dos talentos inovadores capazes de gerar novos valores para o mercado e que formem uma rede de profissionais realizados.

As oportunidades são extremamente importantes para a descoberta do talento. Milhares e milhares de jovens que se vêem diante do vestibular sem a menor noção do que querem para a vida, poderiam ser muito mais convictos de seu destino. Talento é o resultado da combinação de vocação com desejo de realização. Não posso afirmar que a escassez de líderes no mercado é motivada somente pela ausência de talento, mas posso garantir que se houvesse mais pessoas exercendo sua verdadeira vocação, o volume de líderes seria muito maior. Thomaz Edison defendeu esta idéia atribuindo a genialidade ao esforço precedido pelo talento em sua clássica afirmação:

"Um gênio é uma pessoa de talento que faz toda a lição de casa."

Thomaz A. Edison

Em minha jornada profissional como palestrante encontro muitas pessoas de diferentes lugares e formações e tenho a infelicidade de saber que a maior parte delas estão completamente frustradas na vida profissional, executando tarefas que não lhes despertam o menor interesse.

Assim, analisando o conjunto de fatos e dados que o cenário demonstra, não é difícil constatar, que a imaginação está se tornando uma variável indispensável, um fator crítico de sucesso para as empresas que buscam crescimento sustentável. E isto ocorre principalmente por dois motivos:

Pela comoditização da informação e de alguns tipos de conhecimentos
Pela necessidade constante de inovação para a renovação do valor nos negócios e na vida


Os talentosos profissionais que estão por vir são permeados por alguns fatores em comum que os caracterizam:

Curiosos e observadores apreciam a diversidade que nos cerca em relação a tudo;
Têm paixão pelo trabalho;
São roteadores de informações de diversas procedências, buscando o nexo e a simplicidade para oferecer soluções inovadoras;
Se forem empregados, a solução para motivá-los será definitivamente a meritocracia, que ainda hoje é um “conto de fadas” mesmo em algumas grandes empresas.


Enfim, os talentos de qualidade para o futuro serão pessoas com múltiplas inteligências desenvolvidas, seres conscientes de que o mundo cada vez mais convergente necessitará de pessoas igualmente convergentes ou integradoras de conhecimentos diversos e que parte de sua missão será a geração do bem comum. Mais do que multidisciplinares ou interdisciplinares serão roteadores de informação como pessoas, e em sua conduta profissional escolherão caminhos menos percorridos ou jamais descobertos pelo senso comum. Sua fonte de energia e inspiração para lapidar seus talentos será um sonho de realização profissional ou uma aptidão imensamente desenvolvida e influente em seu comportamento. Os representantes desta classe serão excelentes em algo, mas terão a multidisciplinaridade como “mola-mestra” em sua atuação, podendo vir a ser excelentes em algo mais. Por sua natureza serão imensamente curiosos e buscarão a correlação entre conceitos, conhecimentos e práticas de diferentes áreas. A inovação que é uma lição para os profissionais de hoje, será o estado de espírito que estas pessoas vivenciarão diariamente e que lhes fará falta sempre.

Contatos através do e-mail: contato@danielbizon.com.br
Site: www.danielbizon.com.br

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