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Varejo local: quem é o vizinho do coração?

Há pelo menos três razões para se prestigiar o chamado varejo local:

1- Você garante uma central de abastecimento ou de serviços perto de casa;

2- Você valoriza seu lugar e sua comunidade;

3- Você fortalece um sistema de trocas econômicas do qual efetivamente participa.

Filho de comerciantes portugueses, sei disso desde criança, quando descobri a importância das relações comerciais no âmbito dos bairros.

Era por meio dessa dinâmica que prosperava o “meu pedaço”, na região de Vila Guarani, Vila Facchini e Cidade Vargas, na Zona Sul paulistana.

Ali, vendia mais quem conhecia o cliente e se preocupava com ele. Isso valia para quem servia uma cerveja no balcão, como meu pai, e para quem vendia bolinhos de bacalhau em campos de futebol, como eu.

Há um bom tempo, habito Alphaville, esse lugar especial que também é um conceito de bem viver, idealizado ainda na década de 1970 pelos engenheiros Yojiro Takaoka e Renato Albuquerque.

Dessa forma, cerro fileiras entre aqueles que sempre lutaram para que nossa pequena urbe se tornasse autossuficiente. Nada pior que depender da Rodovia Castelo Branco para idas e vindas a São Paulo.

Sempre torci fervorosamente pelo sucesso de cada novo restaurante inaugurado na área e lamentei muito cada fechamento. Sou da época em que só podíamos contar com as honrosas opções do La Rocca e do Esplanada Grill.

Nosso varejo cresceu e se diversificou. Temos dois grandes shoppings, muitos malls, o Centro Comercial e até mesmo um variado comércio de rua.

Podemos fazer quase tudo por aqui. E isso é ótimo. Mas será que amadurecemos o suficiente?

Na verdade, ainda há muito que melhorar. Precisamos de empreendedores e gestores mais focados em serviços com responsabilidade e apreço pelos clientes. Afinal, se o bairro não comprar, quem garantirá a sobrevivência desses negócios?

Cabe aqui um exemplo pessoal, que ilustra os problemas encontrados no desenvolvimento do varejo local.

Meu home theater, adquirido há oito anos em São Paulo, sempre funcionou muito bem. Relutei em atualizá-lo com know-how e serviços oferecidos na região.

Há três anos, no entanto, como fiel defensor do comércio local, entrei numa loja especializada do Alpha Shopping em busca de um Blue Ray.

Comprei o aparelho e ouvi um conselho: conviria trocar meu velho e bom projetor convencional Yamaha (que funciona perfeitamente até hoje), por um projetor HD. Considerei o aparelho super caro, mas o adquiri dias antes do Natal.

Infelizmente, não conseguiram instalá-lo a tempo. Frustrado, fiquei sem meu brinquedinho de Natal e Ano Novo. Quando finalmente o ligaram, percebi que funcionava de modo muito insatisfatório.

Eram os cabos. Troquei-os, conforme as recomendações do meu fornecedor local. Para minha alegria, tinha à disposição um projetor super HD, com “duzentos milhões” de linhas...

Dois filminhos depois, porém, queimou a saída HDMI. E isso já no segundo Natal!

Segundo meu consultor de varejo, eu precisava de um novo cabo HDMI, blindado, com conectores revestidos de ouro, o melhor do mundo, caríssimo.

Para completar a instalação, fui atrás de pedreiros, gesseiros e tudo mais. Afinal, tudo que meu super assessor para home theater faz é ligar alguns plugs.

Concluída a obra, a aparelhagem tinha sido reforçada com os tais cabos japoneses. Imagem linda. Dois filminhos depois, no entanto, queimou de novo!

Você, leitor, pode achar que estou brincando. Quisera!

- Seu Julio, o senhor vai precisar de um estabilizador – explicou o especialista. - E deve sempre desligá-lo quando não estiver utilizando o projetor

Paciente, lá fui eu instalar o tal aparelhinho. Enfim, um pouco antes do terceiro Natal após a compra, reuni novamente a turma. Blue Ray no ponto e... Queimou!

No dia seguinte, fui fazer uma visitinha à loja do shopping. Pedi que me ouvissem. Fiz um relato completo do ocorrido.

Sai de lá e aguardei por vários dias, enquanto construía este texto. Nesse período, ninguém do estabelecimento se dignou a me oferecer uma solução para o problema técnico.

Incapazes de compreender o sentido da palavra empatia, não foram nem mesmo capazes de efetuar um telefonema e reconhecer minha frustração.

Afinal, esse problema pontual (sim, existem outros, muitos importante na vida) afetou a minha autoestima, pois não consegui me “exibir” para meus amigos e familiares nas celebrações natalinas.

Resolvi ligar para o meu velho e bom fornecedor na Capital, aquele mesmo ao qual eu recorria há sete ou oito anos.

Chorei minhas pitangas. E ele, de coração tocado, iniciou o diálogo abaixo transcrito.

- Quer que eu vá até aí, Sr. Julio?

- Seria ótimo... Mas estou em Alphaville. É bem longe.

- Que nada! Atendo o Brasil todo e não posso deixá-lo sem esse equipamento no final do ano. Levo um projetor de reposição que tenho aqui. Vamos instalá-lo e deixá-lo com o senhor até que consertemos o seu. Tudo bem?

E foi assim que no dia 24 do mês passado, às 13h25, pude almoçar assistindo a um bom filme.

Moral da história? Bom atendimento, competência e carinho geram confiança e retorno do consumidor.

Não optamos por um negócio apenas porque ele está mais perto de onde moramos.

Hoje, no campo do consumo, o brasileiro está mais educado e saudavelmente mais exigente. Ele valoriza seu dinheiro e presta mais atenção à qualidade de produtos e serviços.

Além disso, ele formou uma ideia de cidadania que o impele a utilizar os meios digitais para denunciar empresas irresponsáveis ou negligentes.

Está aí, portanto, uma boa lição aos gestores de companhias de varejo local:

- a geografia, por si só, não garante fidelização; e o melhor cliente é vizinho do seu coração.

Afinal, a teoria, na prática, funciona!


Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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