Muito se tem falado acerca do hábito de fumar e acerca das conseqüências nocivas desse hábito.
Os fumantes esgrimem inúmeras justificativas para continuar fumando: “porque eu gosto”; “porque me ajuda a lidar com a minha insegurança”; "porque emagrece"; “porque é um hábito associado a padrões de etiqueta que o revestem de aspectos elegantes e característicos de pessoas de sucesso e classe”; “fumar cigarros, charutos (de preferência um "bom Havana") ou cachimbos (com fumo importado e aromatizado) é sinônimo de cultura, poder e personalidade marcantes”; entre outras.
Segundo o Dr. Mário Rigatto: “O tabagismo determina forte adição por parte dos que a ele se expõem. Isto se deve ao seu rico conteúdo em nicotina, alcalóide cuja capacidade de viciar só é superada pela cocaína. Assim, uma vez fumante, a tendência é a pessoa se manter, pelo resto da vida, fumante” (extraído de www.medicinal.com.br).
Eu gostaria de associar esta dependência da nicotina nos fumantes com a dependência do crédito nas empresas.
Por que uma empresa utiliza o crédito?
Muitas são as causas, mas podemos citar as mais freqüentes: endividamento associado a obrigações legais e trabalhistas; endividamento para resolver problemas causados por fatores conjunturais; endividamento para renovar ativos; endividamento para capital de giro operacional; ou, muito pior, endividamento para pagar outras dívidas que estão vencendo.
Quando esse crédito vira dependência?
Normalmente, quando a necessidade de dinheiro a curto prazo é tal que o empresário entra em desespero e ... recorre à saída mais fácil: abrir um novo buraco (crédito) para cobrir o buraco anterior.
E porque vira dependência?
Porque esse novo crédito, que não é o resultado da análise da situação financeira da empresa e não faz parte de um plano para resolver a situação financeira da organização, produz a falsa sensação de ter resolvido um problema (“em fim, ao menos por enquanto contornamos o problema!”).
E se o empresário continua sem analisar a situação atual e sem fazer um planejamento financeiro adequado, um novo crédito vai substituir ao anterior e assim sucessivamente até que os custos financeiros (de similares conseqüências ao fumo do tabaco) inviabilizem a empresa.
Então, recorrer ao crédito para resolver problemas financeiros sem o devido planejamento produz uma sensação temporária de conforto similar à nicotina e no mediano prazo as mesmas conseqüências que o fumo.
À vista disso, finalizamos o artigo com a pergunta do início: a sua empresa, é fumante?
Autor: Silvio Bianchi
BSB Associados
sbianchi@bsbeassociados.net
Silvio Bianchi é Contador Público-Licenciado em Administração graduado pela Faculdade de Ciências Econômicas e de Administração da Universidade da República Oriental do Uruguai. Possui uma vasta experiência internacional nas áreas de formulação, avaliação e seguimento financeiro de projetos e na gestão de organizações sem fins lucrativos. Trabalhou por 20 anos como consultor de pequenas e médias empresas em Uruguai. É Sócio-Diretor de BSB & Associados, empresa de consultoria em finanças, projetos e gestão de empresas e de Organizações sem Fins Lucrativos.
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