Certa manhã ouvi, pelo rádio, a jornalista Miriam Leitão tecer suas considerações sobre exportações e câmbio e mencionar a questão de competitividade.
Há um movimento no empresariado brasileiro visando “mexer” no câmbio, desvalorizar o real e com isso facilitar as exportações.
Ela mencionou que as empresas brasileiras não devem ter medo de competir, porque têm feito sua parte.
O governo é que precisa fazer a dele, pois há a questão dos impostos, como todo mundo sabe, notadamente os que incidem sobre a contratação de mão de obra.
Concordo, sem dúvida.
É o famoso custo Brasil.
Portanto, a resposta é: as empresas são competitivas sim, mas o País nem tanto.
As palavras da repórter me fizeram pensar: “se não tivéssemos esse sufoco de pagar em média 37% do PIB em impostos, se não incidisse 104% de impostos sobre folhas de pagamento, fazendo com que cada funcionário custe mais que o dobro do que recebe líquido... teríamos uma condição de competir absurdamente melhor...”
É o que todos gostaríamos, mas vamos encarar a realidade. Isso não vai acontecer.
Nosso “sócio” vai continuar conosco, voraz como sempre.
Então, se quisermos manter e mesmo aumentar nossa competitividade, temos que fazer valer os recursos de que dispomos, e o maior deles é exatamente o que custa mais caro em impostos: as pessoas.
Até algum tempo atrás o grande foco era encontrar os talentos, ou seja, os indivíduos que já tem o perfil exato para as funções.
Pois todos já sabem o quanto custa contratar errado.
Muito embora essa preocupação ainda perdure sobre os talentos que procuramos, percebemos que as outras empresas também os querem.
Do mesmo modo, percebemos que aqueles que gostaríamos de “devolver ao mercado de trabalho” são os que usualmente mais permanecem, só saem se forem demitidos.
Então, a par com a preocupação em contratar indivíduos com o perfil adequado, que já são, ou serão no futuro os talentos que queremos, precisamos cada vez mais exercer nossa capacidade de gerir mudanças nas pessoas que já temos, de modo a prepará-las para ambientes cada vez mais competitivos e mutantes.
Esse é o quadro e com ele vem a questão: como fazer isso?
Como transformar um grupo de funcionários com seus hábitos, suas idiossincrasias e sua natural resistência à mudanças, em uma equipe realmente competitiva, ágil e pronta a assumir e resolver desafios?
A resposta: treinamento.
Mas, qual?
E mais: como fazer para que esse treinamento não caia na mesma vala comum de tantos outros, ou seja, um balão de motivação inicial com todos os envolvidos entusiasmados, mas que em alguns dias simplesmente “murcha”?
Todos os processos de treinamento visam mudança comportamental, mas a imensa maioria não contempla o item Sustentação da Mudança.
Qualquer processo de mudança comportamental precisa ter um tipo de procedimento que garanta a sua sustentabilidade, ou seja, que os comportamentos mudem visivelmente e se mantenham no novo formato até se consolidarem de forma a trazerem os resultados esperados.
Essa sustentação deve ser provida por instrumentos que assegurem:
1 – Que o indivíduo está realmente praticando as mudanças – via lembretes e autoavaliação;
2 – Que essas mudanças estão sendo realmente percebidas – via feedbacks periódicos e dicas para correções de rumo;
3 – Que o indivíduo se sente feliz e confortável com as mudanças porque elas geram resultados – ainda via feedbacks e uma avaliação formal ao final de um período.
Há tecnologias no mercado que permitem esse tipo de intervenção.
O importante é que nos conscientizemos de que precisamos mais do que nunca investir não somente em formas cada vez mais eficazes de encontrar as pessoas mais próximas possível do perfil de talento, mas também na capacidade de nossas empresas em desenvolver os talentos e “fabricá-los” entre nosso próprio pessoal.
Afinal, as pessoas costumam ser nosso maior custo, pelo menos em termos de participação de impostos.
Além disso, são elas que fazem os resultados e tornam nossa empresa competitiva ou não.
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