Como gerir com o sagrado?
03/11/2014 - Nestes tempos de mudança acelerada, gerir a mudança tem sido também gerir no ambiente da diversidade.
Administrar bem e corretamente é ainda mais difícil quando a organização é antiga, gigante e resistente a transformações.
Nesse campo, temos olhado com interesse para as atividades do Papa Francisco, este argentino que assumiu o lugar de Pedro à frente dos católicos do mundo.
Ele tem sido rigoroso no saneamento das finanças da Cúria Romana, onde a incompetência havia se misturado com a corrupção.
Também tem sido severo no combate à pedofilia. Não faz muito tempo, mandou prender um prelado figurão que envergonhava o Vaticano.
Um gestor pode até alegar ignorância, mas não o tempo todo. Sua função é também zelar para que a equipe tenha os mais capacitados e os mais honestos.
A semana começou com notícias interessantes durante o encontro do pontífice com os bispos.
Francisco afirmou que a Igreja precisa se concentrar nos “aspectos positivos, e não negativos, da sexualidade humana”.
Disse também que os homossexuais têm "talentos e qualidades para oferecer à comunidade cristã".
O relatório do encontro episcopal não admite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas sugere que a instituição receba de forma fraterna as pessoas que tenham orientação sexual divergente da convencional.
Lembro-me de que, quando presidente da Tecnisa, liderei um projeto que buscava constituir uma postura “gay-friendly” na companhia.
O resultado foi excelente, pois pudemos lidar com um público diferenciado, de alto poder aquisitivo, que valorizava tanto a funcionalidade quanto os elementos estéticos dos imóveis.
No entanto, a questão maior não é o lucro, mas a valorização do rito civilizatório, fundamental ao sucesso de qualquer gestão inovadora.
Se o papa é capaz de compatibilizar o sagrado à obra de reciclagem administrativa, também podemos cuidar de reinvenções em nossas empresas.
Na hora da oração, convém pensar neste assunto.
Afinal, a teoria, na prática, funciona!