O movimento de ampliação do acesso à informação trazido pela internet está em um estágio embrionário, pode-se dizer. O que temos visto nos dias atuais ainda está para ser compreendido. A verdade é que ninguém - ninguém mesmo - pode prever o que vai acontecer com relação a isso.
Há estudos demonstrando que o acesso à internet modifica o cérebro e faz com que os usuários mais frequentes tenham uma atividade maior na área de raciocínio complexo e mais velocidade na tomada de decisões. Uma iniciativa interessante é a da Fundação Edge, criada nos anos 80 para estimular o debate entre grandes nomes da ciência. Em estudo recente, a entidade aborda como a web está mudando o processo de pensamento. Dentre suas análises, fica claro que, embora a internet tenha trazido maior capacidade de acesso ao conhecimento, também ampliou a incerteza com relação à informação.
A mudança de opinião é frequente e os interesses sobre inúmeros assuntos multiplicam-se. Essa experiência todos nós estamos passando, é fato. Nessa pesquisa, utiliza-se inclusive um termo adequado para descrever isso, que é “liquidez mental” – afinal, os pensamentos tornaram-se fluídos. Se somarem a isso todas as preocupações recentes com relação à privacidade - como no caso do Facebook - os problemas de direitos autorais, entre outros, fica claro que é impossível prever os resultados de toda essa transformação.
Por outro lado, é também fascinante verificar que o acesso a esse novo mundo tem trazido melhorias para a vida de muita gente. Em reportagem recente de um grande veículo de comunicação, foram apresentados casos com pessoas de locais remotos do Brasil, com acesso extremamente rudimentar e que, mesmo assim, beneficiam-se do universo digital. Um dos exemplos dessa situação é de uma garota indígena do Pará que compra livros e aguarda duas semanas pela sua chegada, pois é o único meio de adquiri-los, uma vez que não há livrarias, nem bibliotecas em sua cidade. Ou então, a agricultora pernambucana, que usa a web para obter informações sobre previsão do tempo para saber quando é a melhor época para plantar, bem como fazer coleta de água da chuva.
Há o caso de novos empreendedores investindo na criação de lan houses e que têm visto seu faturamento crescer, como a cabeleireira que comprou computadores para suas clientes navegarem enquanto aguardam o efeito da tintura para cabelo. Não estamos falando de inovações num bairro nobre dos Jardins, e sim da maior favela de São Paulo.
Para concluir, há ainda um rapaz, Bruno Barreto, que criou sozinho o sistema chamado SACSP, para a cidade de SP, captando diversas reclamações postadas por cidadãos paulistanos sobre problemas da cidade e gerando, por meio de várias análises, um novo olhar para essas reclamações, com interpretações que antes ficavam invisíveis. O site chamou a atenção da prefeitura e hoje Bruno dá consultoria para novos projetos de dados públicos.
Esses são apenas alguns sinais dos novos tempos que vem por aí.
Autora: Sandra Turchi
Voltar | Índice de Artigos |