Homenagem a Antonio Bertolucci. Quanto custa perder um herói?
14/06/2011 - Nas grandes histórias, os heróis normalmente são guerreiros, magos, revoltosos ou líderes políticos.
Raramente, a literatura e o cinema elegem empreendedores como protagonistas de sagas de virtude.
Um exemplo raro nos foi dado por Steven Spielberg, em seu premiado “A Lista de Schindler”, de 1993.
Nela, o cineasta conta a história de Oskar Schindler, um industrial checo que, a princípio, lucrou utilizando a mão de obra de judeus aprisionados por Hitler.
Em dado momento, no entanto, o empresário se dá conta do horror nazista e empenha toda sua fortuna e credibilidade para salvar o maior número possível de vidas.
Correndo enormes riscos, salva 1.200 trabalhadores judeus do Holocausto.
Schindler morreu pobre, meio esquecido, num hospital alemão, em 1974, aos 66 anos de idade.
Mas não é somente em terras distantes que temos exemplos reais de coragem e determinação.
Vergonhosamente, muita gente com pós-graduação e MBA nunca ouviu falar da incrível aventura empreendedora do brasileiro Delmiro Gouveia.
Esse cearense inquieto, nascido em 1863, montou o primeiro shopping center do Brasil, em 1899, e erigiu uma das maiores indústrias do país, no início do Século 20.
Morreu assassinado, em 1917, vítima da inveja e da cobiça. Vou falar mais dele numa das próximas newsletters.
Enfim, retornamos ao quase presente. O presidente do Conselho de Administração do Grupo Lorenzetti, Antonio Bertolucci, costumava falar de energia limpa, de trânsito amigável e dos benefícios da prática esportiva.
Tinha várias bicicletas, que utilizava para poupar a cidade da sua carga de poluentes. Agia assim, mesmo aos 68 anos.
Na segunda-feira, enquanto cumpria sua missão civilizatória sobre duas rodas, foi atropelado por um ônibus, na Avenida Sumaré, na Zona Oeste de São Paulo. Morreu ao dar entrada no Hospital das Clínicas.
São essas algumas histórias de heroísmos, vividos anonimamente por décadas. Vidas de gestores que souberam superar seus defeitos e maximizar suas virtudes.
Vale copiar esses bons exemplos e lutar, ativamente, para que os realizadores não tenham o mesmo fim de Schindler, Gouveia e Bertolucci.
Pois, gente assim, faz sempre o mundo melhor. E isso prova que, a teoria na prática, funciona!