Recentemente, participei do programa Roda Viva, entrevistando o técnico do time de vôlei masculino “Bernardinho”. Várias pessoas assistiram; outras, não, e gostariam de informações a respeito do programa e desta minha experiência.
Inicialmente, senti-me feliz, por ter sido convidada pelo responsável do programa. Sua escolha foi baseada na minha experiência de 20 anos no mundo corporativo, especificamente em Recursos Humanos. Senti-me honrada e reconhecida pelo trabalho que tenho feito. Muitas vezes, trabalhamos como formiguinhas, mas, por outro lado, as pessoas percebem o que está sendo realizado, passamos a contribuir e nos convidam para ser cigarra.
Vou tentar relatar, bem resumidamente, alguns tópicos do debate, que valem a pena serem destacados.
“Cabe ressaltar que irei resumir as perguntas e respostas. A gravação é comercializada pela da TV Cultura. Trata-se de um programa de aproximadamente uma hora e meia e Bernardinho explicou com detalhes toda a sua trajetória familiar, pessoal, profissional e suas preocupações, em geral, quanto à sua formação do esportista e sua relação com a sociedade. Ele é formado em economia e, no início da carreira de jogador, ouviu alguns comentários de que ele deveria desistir, que seria melhor seguir a carreira de economista, mas sempre gostou de esporte e decidiu seguir em frente na busca do seu sonho. Considera que os princípios e valores pessoais são atribuídos, como importantes, pelas famílias e que devem ser preservados.
Os questionamentos foram assim propostos:
Maria Inês: No mundo corporativo, percebo a dificuldade, cada vez maior, nas lideranças, por isso trabalhamos intensamente com elas. Tenho alguns clientes que chegam a expressar: “Quando vou negociar com uma mulher, já sei que vou perder”. Você sente isso também? Como foi, para você, a experiência ao liderar mulheres e homens?
Bernardinho: (um pequeno riso) Realmente, a mulher tem uma forma de agir e pensar diferente, exigindo uma estratégia de liderança diferente. As mulheres expressam mais as emoções, enquanto que o homem não. Elas são mais intuitivas. Elas sentem logo quando uma delas será excluída, enquanto que os homens não. Elas parecem-me mais atentas. Ele mencionou uma situação que havia perdido o jogo e muito bravo foi ao vestiário. Chegando lá, as jogadoras resolveram cada uma se trocar em vestiários distintos. Isso como estratégia para acalmá-lo porque sabiam que a bronca seria grande. Relata diversas sutilezas femininas, comparando-as com às masculinas.
Maria Inês: Em relação ao progresso profissional, as pessoas iniciam a carreira timidamente, humildemente e vão conquistando postos de destaques. Às vezes, iniciam como estagiários e chegam ao cargo de diretores, etc., assim acontece no esporte, conforme você mencionou. Os jogadores começam com muito esforço, com simplicidade, com dificuldades e vão conquistando espaço, notoriedade e se tornam arrogantes. Como você lida com a arrogância no grupo de esportistas?
Bernardinho: Eu não dou espaço para isso e se houver desavença entre os jogadores, elas são resolvidas entre eles, como o ditado “roupa suja lava-se em casa”. Trata-se de uma equipe que deve vencer e que são interdependentes, portanto, todos são esportistas com certo destaque e não há espaço para arrogância, todos são importantes na sua posição.
Maria Inês: Sabemos que, no mundo empresarial, as pessoas competem entre si, por mais que possam assistir a palestras motivacionais, suas palestras reforçam o senso de equipe, de liderança, etc. As pessoas saem alegres por tê-lo conhecido, dizendo que foi legal, que fazem parte de um time de trabalho, que são unidos, etc. só que quando entram para trabalhar a competição começa, um querendo “comer o fígado do outro”. Bernardinho, vamos aprofundar este assunto: Como você vê esta questão e certamente encontra este procedimento em seu time de esportistas
Bernardinho: Concordo que a competição existe e que as palestras motivacionais só dão resultados quando o assunto é tratado como uma gestão e não isoladamente. Eu tenho trabalhado muito com seus atletas em relação a esse assunto, porque todos querem destacar-se em uma competição. Mas não é fácil trabalhar este aspecto em função das diferenças individuais, mas trabalho intensamente essa questão.
Maria Inês: Bernardinho, desculpe-me insistir, ou mesmo, direcionar ao mundo corporativo, porque é o meu mundo e não sei fazer outra coisa a não ser atuar nas empresas. Neste cenário, existe uma fala de que o poder é solitário, você concorda?
Bernardinho: Concordo, mas costumo cercar-me de muitas pessoas quando irei decidir, são decisões difíceis, mas costumo ouvir as pessoas que estão ao meu redor: são profissionais mais experientes. Aí, sim, decido, mas mesmo assim, sinto o poder como solitário.”
Bom, meu caro leitor, tentei, sinteticamente, relatar parte da entrevista. Acredito que seja o suficiente para percebermos que os ensinamentos unem todas as artes e ciências. Assim como vejo que a arte poderá ser uma ferramenta para o desenvolvimento de competências, o esporte também, formando cidadãos. Claro que teremos resultado, quando for tratado tendo como base uma gestão, e não isoladamente. As experiências, os pensamentos, todos se completam, por vezes interdependentemente. Faz-me lembrar um principio básico da criatividade: “Para ela, não existe cinza no cinzeiro e sapato na sapateira; não existe isto ou aquilo e, sim, isto e aquilo; não existe o certo, o melhor, e, sim, o diferente do que estamos acostumados.”
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