Não seja orientado no trabalho exclusivamente pela receita e pelo lucro. Abra espaço também para a satisfação.
Esta é uma semana especial para mim. Estreio minha coluna no Portal Endeavor e lanço meu primeiro livro, o Felicidade S.A. Nos dois espaços, o propósito é o mesmo: colocar a busca da felicidade no trabalho na agenda dos homens e das mulheres de negócios do Brasil. Sobretudo na sua agenda de empreendedor. Ela já está lotada, eu sei. Mas vou me dedicar a partir de hoje a te convencer de que vale a pena abrir espaço para a satisfação.
A tese central de meu livro é a redução, em termos relativos, do papel do dinheiro em nossa relação com o trabalho. O ponto a enfatizar é a decadência da monocultura financeira.
A corrida para comprar felicidade, pela via do consumo, está na origem da epidemia de infelicidade dos últimos anos. O Gallup estima o custo da crise de desengajamento em US$ 300 bilhões anuais, só nos Estados Unidos, devido à perda de produtividade. Por trás do baixo engajamento, há uma crise de propósito.
Tamara Erickson, uma professora da escola de negócios de Harvard, apontou um caminho quando escreveu que o significado é a nova moeda. O desafio, em parte, é reverter a tendência, radicalizada nas últimas décadas, de transformar toda tarefa interessante em algo que se faz por dinheiro. Há até um nome técnico para esse fenômeno: Efeito Superjustificativa.
Metas e bônus estão na berlinda. “Frequentemente tratamos nossos funcionários como ‘cachorros de Pavlov’: se lhes dermos incentivos financeiros adequados, podemos conseguir que façam qualquer coisa”, disse recentemente o consultor em inovação Gary Hamel.
Está em curso nos Estados Unidos uma disputa que vai reverberar com força por aqui: Wall Street versus Startups. Wall Street, que por décadas atraiu os melhores e mais brilhantes jovens profissionais, enfrenta hoje uma crise de recrutamento. Uma enquete de 2011 com 6,7 mil jovens profissionais listou Google, Apple e Facebook como os locais de trabalho mais cobiçados. O banco mais bem colocado no ranking, JP Morgan Chase, ficou em 41º lugar. Em 2008, 28% dos formandos de Harvard optaram por um emprego em finanças. Três anos depois, esse número já havia caído para 17%.
Jovens ambiciosos e bem formados ainda querem e continuarão querendo ser bem remunerados por seu trabalho. Na policultura organizacional contemporânea, porém, querem também um propósito para o que fazem. E, no sentido mais amplo da expressão, a sensação de que podem mudar o mundo. Minha primeira mensagem neste espaço, portanto, é: use recompensas financeiras e bônus sim – mas com moderação.
Alexandre Teixeira é jornalista de economia e negócios. Passou pelas redações de Época Negócios, IstoÉ Dinheiro, Valor Econômico e Jornal da Tarde.
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