Você tem pleno conhecimento dos custos relacionados à operação de transporte rodoviário de cargas? Sabe o quanto ele representa para a sua empresa em relação à receita operacional líquida (ROL)? Conhece, em detalhes, todos os componentes para o custeio e tarifação da atividade de transportes e qual a sua participação no custo total ou preço final? Sabe como esses custos se comportam com o aumento do volume de carga ou quilometragem rodada? Tem idéia do impacto da produtividade dos veículos sobre os custos fixos e variáveis?
Se você está em dúvida, é bom partir para um aprofundamento nos conceitos técnicos, pois conhecer os custos é o primeiro passo para reduzi-los.
Os custos de transportes representam de 1% a 15% da receita operacional líquida das empresas. Essa variação ocorre em função do valor agregado dos produtos e requisitos operacionais. A grande maioria das empresas encontra-se na faixa entre 3% e 8%, considerando gastos com a logística inbound e outbound.
Os custos com transportes dividem-se em fixos e variáveis.
Os custos fixos independem da operação ser realizada e por isso são conhecidos como custos não-evitáveis, e correspondem aos gastos com salários, encargos sociais e benefícios com motoristas e ajudantes, depreciação e custo de oportunidade dos veículos e equipamentos (semi-reboques e reboques), seguro dos veículos e equipamentos, licenciamento, IPVA e seguro obrigatório. Os custos fixos podem ser expressos numa base horária, diária ou mensal em R$ por unidade de tempo (mais comum) ou numa base por quilômetro, bastando dividirmos o total de custos fixos pela quilometragem rodada.
Em veículos de médio e grande porte (trucks e carretas) os custos fixos poderão representar de R$ 8.000,00 a R$ 15.000,00 mensais. Esses custos incidirão sobre a operação não importando a quilometragem rodada ou tonelada transportada.
Os custos variáveis variam de acordo com a distância percorrida e por isso são denominados custos evitáveis. Envolvem gastos com combustíveis, manutenção, pneus, câmaras e recapagens, óleo do cárter, lavagens e graxas e pedágio. Os custos variáveis estão diretamente ligados à qualidade dos insumos utilizados, principalmente combustível, pneus e peças para a manutenção, que chegam a representar de 30% a 50% do custo total do transporte.
O preço do diesel variou 229% nos últimos 10 anos e se ele representar, por exemplo, 30% do custo total, o impacto sobre as tarifas de frete seria de aproximadamente 70%.
Em veículos de médio e grande porte os custos variáveis poderão variar de R$ 1,20 a R$ 2,15 por quilômetro.
Além desses custos, temos ainda o custo associado ao gerenciamento de risco (GRIS) e ao seguro obrigatório de responsabilidade civil do Transportador Rodoviário de Cargas (RC-TRC), este último conhecido como ad-valorem. Por fim temos diversas taxas que são cobradas como a TDE – Taxa de Dificuldade de Entrega, TDA – Taxa de Dificuldade de Acesso e TRT – Taxa de Restrição de Trânsito.
O transporte rodoviário de cargas (TRC) é uma atividade sujeita exclusivamente às leis de mercado. Assim, o valor do frete praticado não está sujeito a legislação de nenhuma espécie.
Em seguida é importante compreender como os custos se comportam diante dos diferentes tipos e perfis operacionais.
Em operações de distribuição urbana os custos fixos predominam sobre os custos variáveis, representando pelo menos 80% dos custos totais.
Em operações de longa distância podemos ter uma equivalência entre os custos para uma determinada faixa de quilometragem rodada por mês. Especialmente a partir de 7.000 ou 8.000 quilômetros mensais observamos a predominância dos custos variáveis.
Por fim, é importante entender o impacto da alta ou baixa produtividade sobre os custos fixos e variáveis. Um veículo pode permanecer mais tempo parado do que em viagem, dependo do percurso realizado ou serviço prestado; pode, por exemplo, aguardar dois dias para carregar, dois em viagem e outros dois para descarregar. Nesse caso, o veículo permanecerá improdutivo por quatro dias, estando em operação por apenas dois dias. Os custos fixos não “perdoarão” os seis dias, não importando que quatro dias resulte em tempos “mortos” ou improdutivos. Já os custos variáveis serão resultado dos dois dias de viagem de um ponto para outro.
Como podemos ver, a gestão dos custos de transportes é complexa e exige preparo técnico para seu correto entendimento, análise e tomada de decisão. Portanto, aprimore e aprofunde seu conhecimento na área!
Autor: Marco Antonio Oliveira Neves
Voltar | Índice de Artigos |