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World Management 2007 – Liderança

15/06/2007 -

World Management 2007 – Liderança


Foi realizado em São Paulo o World Management 2007, Congresso Internacional com palestras abordando três blocos temáticos: Liderança (11/06), Marketing (12/06) e Estratégia (13/06).
 
Tive o privilégio de realizar a cobertura deste evento a convite de meu amigo Leandro Vieira, fundador e editor do Portal Administradores.com.br, a quem agradeço pela oportunidade.
 
A fim de compartilhar o conhecimento adquirido neste evento, apresentarei a partir desta edição uma resenha dos assuntos tratados de maneira didática e fiel ao conteúdo apresentado nas palestras magnas.


Espero que apreciem.
Tom Coelho


“Liderança com Visão e Energia”


A palestra de abertura ficou a cargo de Robert Cooper, especialista em inteligência emocional e neurociência da liderança.
 
Ao longo de sua exposição, Cooper apresentou o que chama de “cinco chaves para exceder as expectativas”. Vamos a elas:
 
Chave 1: Lidere pelo exemplo
 
Uma meta é resultado de inteligência integrada aplicada. Suas decisões devem decorrer de união de três cérebros localizados na cabeça, no coração e nas vísceras. Liderar só com a cabeça limita a criatividade. Você deve ouvir seu coração, mas também dar atenção ao seu feeling (aquele frio na barriga que sentimos por ocasião de algumas ações).
 
Chave 2: Gerencie a direção, não o movimento
 
Estatisticamente está comprovado que a inovação aplicada gera lucro. As 1.200 empresas mais inovadoras do mundo auferiram ganhos 800% superiores ao longo de uma década segundo dados da Business Week divulgados em 2006.
 
A ciência da execução para ativar este processo de inovação não está no autocontrole, através do qual a motivação torna-se efêmera e o comprometimento se esvai diante da agitação ou do stress. O êxito está na auto-regulação, um processo de vincular metas ao melhor resultado emocional possível.
 
Um ótimo mecanismo de liderança consiste em comprimir o tempo destinado a uma determinada tarefa ou meta. Assim, relacione suas metas programadas para o período de um ano, por exemplo. Em seguida, estude como realizá-las não em doze meses, mas em apenas um único mês.
 
Cooper alerta que nosso cérebro adora jogar com a segurança. Por isso é tão confortável falar em metas para cinco, dez ou mais anos, pois nada será feito de imediato. Portanto, desafie-se! Torne possível o que, à primeira vista, parece ser impossível.
 
Chave 3: Gerencie a concentração, não apenas o tempo
 
A neurociência confirma que somos maus administradores de nosso tempo. E, mais do que isso, sofremos forte tendência a perder o foco.
 
Algumas provocações para sua reflexão:
 
:: Em suas reuniões regulares, como você poderia reduzir em 50% ou mais o tempo gasto, mantendo ou melhorando os resultados?
 
:: Segundo relatório da CNN News (17/10/06), perdemos em média, no trabalho, até duas horas e meia diárias devido a interrupções e distrações;
 
:: Estabeleça uma hora por dia sem interrupções para você e neste intervalo trabalhe concentradamente em três objetivos específicos, reservando vinte minutos para cada um deles;
 
:: Um feedback é importante, mas ele atua sobre um evento passado, aprisionando o cérebro e colocando-o na defensiva. Trabalhe com feedforward, ou seja, um impulso emocional positivo para influenciar e mudar de agora em diante.
 
Chave 4: Gerencie a energia, não o esforço
 
Seja rápido sem se apressar. Mantenha a flexibilidade.
 
Faça pausas estratégicas de apenas trinta segundos a cada meia hora, e pausas essenciais de dois a cinco minutos no meio da manhã e no período da tarde para aumentar sua energia e concentração.
 
Você pode fazê-lo realinhando sua postura, respirando profundamente, bebendo água gelada, movimentando-se em direção a uma luz mais forte, entrando em contato com paisagens naturais, situações bem humoradas e expondo-se a mudanças visuais ou mentais. Estas ações podem garantir um incremento de até 50% no seu nível de energia, elevando a produtividade em até 10%.
 
Finalmente, administre a transição de seu ambiente profissional para o familiar. Assim, ao chegar em casa, estabeleça uma zona intermediária de até quinze minutos, período no qual deverá apenas cumprimentar carinhosamente seus familiares com no máximo vinte e cinco palavras. Procure desacelerar. Tome um banho, troque suas roupas, beba algo. Está comprovado que situações de conflito e argumentos prejudiciais começam ou se ampliam nos primeiros quinze minutos após o regresso ao lar.
 
Chave 5: Gerencie o impacto, não as intenções
 
O objetivo é reduzir o tempo pela metade buscando dobrar os resultados. No processo de monitoramento, faça medições semanais – elas aumentam significativamente a iniciativa e a responsabilidade pessoais no cumprimento das metas estabelecidas.
 
Procure avaliar como andam os níveis de energia e concentração da equipe. Observe as economias de tempo e reduções de custo possíveis, onde foram obtidas e qual sua magnitude. Acompanhe a evolução da eficácia da equipe e o redirecionamento das metas com base no critério da prioridade.
 
Ao final de sua apresentação, Cooper ressalta que um líder deve questionar sua equipe sobre seu aprendizado buscando contribuição e não julgamento.
 
E todos os dias os melhores líderes desistem de tudo o que conquistaram para se reinventar na busca pela excelência.


“É preciso ter coração”


A segunda palestra do Leadership Day, do World Management Congress, foi proferida por Dale Moss, executivo da British Airways por mais de vinte anos liderando uma equipe formada por doze mil colaboradores.
 
Para Moss, construir uma boa equipe é responsabilidade do líder que deve inspirar as pessoas – mas não sem antes inspirar-se primeiro. A performance é atribuição direta da liderança organizacional. Se uma empresa não estiver se saindo bem, vá direto ao topo!
 
Liderar envolve cinco atributos básicos:
 
1. Caráter. Contempla integridade, coragem e confiabilidade. A expressão-chave é: liderar pelo exemplo.
 
2. Compromisso. Compreende desejo, foco e impulso. Trata-se de comprometimento com metas estabelecidas.
 
3. Competência. Baseada no conhecimento e, mais do que isso, na habilidade de processá-lo alcançando a sabedoria. O desejo de aprender deve transformar todo líder em eternos estudantes da vida.
 
4. Comunicação. Deve ser freqüente, ou seja, é preferível pecar pelo excesso. Além disso, precisa ser verdadeira, transparente e sensível com as pessoas e as circunstâncias.
 
5. Interesse. Resumido numa única palavra: empatia. Seja duro nas questões, ao lidar com problemas, porém brando e flexível ao lidar com as pessoas.
 
Além destes aspectos, Dale Moss alerta os líderes para a importância da cultura e dos valores corporativos. A transparência, responsabilidade e confiança são bens supremos, assim como a integridade e a honra.
 
O mau hábito de usar da honestidade apenas quando se acredita que alguém esteja olhando produziu empresas dignas de um “hall da vergonha”, como a Enron, WorldCom, Guidant e Merck (Vioxx).
 
Deve-se jogar para ganhar. Ir até onde for possível usando todos os recursos de que se dispõe. Porém, liderança é um jogo de estilo. Não é o que você faz que conta, mas como você faz. Antes que você possa realmente liderar, tenha um código capaz de orientá-lo pela vida. E lembre-se de que as pessoas não estarão lá para atender você, mas você deverá estar a postos para atendê-las. Afinal, liderar é servir.


“Excelência – Conquista e Sustentabilidade”


Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, premiado técnico da seleção brasileira de vôlei, encerrou o primeiro dia do Congresso abordando o tema Liderança com as seguintes contribuições.
 
Líder é aquele que atinge resultados utilizando como diferenciais competitivos sustentáveis o capital, a tecnologia e, em especial, o fator humano, que consiste em selecionar talentos. Nesta tarefa, os talentos certos são formados nem sempre pelos melhores, mas sim pelos complementares.
 
A identificação de um talento deve contemplar as características de genialidade (capacidade de realizar algo de maneira incomum), contribuição (o resultado efetivo proporcionado), determinação (inspiração pela obstinação) e paixão.
 
Mas um talento por si só não basta para a conquista do sucesso. É o trabalho em equipe, a consciência coletiva, o fator decisivo. E cabe ao líder não apenas identificar os talentos certos, mas potencializá-los individualmente e em conjunto, exigindo mais de cada membro da equipe, aplicando testes constantes capazes de desafiá-los e promovê-los a um nível mais elevado, contornando os inevitáveis efeitos da inflamação dos egos decorrente das vitórias conquistadas. A lição que fica é: “Não se iluda com o elogio e não se deprima com a crítica”.
 
No caminho para a transformação de sonhos em conquistas, de objetivos em realizações, dois aspectos fundamentais estão presentes ligando-os como se fosse uma ponte: planejamento e disciplina. O primeiro representa o projeto da ponte; o segundo, a construção da ponte.
 
A disciplina demanda a prática diária que conduz à excelência. Daí surge o pressuposto básico de treinar compulsivamente. Lembrando o consagrado técnico de futebol norte-americano, Vince Lombardi: “Quanto mais suarmos no treinamento, menos sangraremos na batalha”. Ou, ainda, Bob Knight: “A vontade de se preparar deve ser maior do que a vontade de vencer”.
 
Sucesso e fracasso indiscutivelmente deixam suas lições. A derrota deve ser assumida com responsabilidade e nos alerta para a importância do planejamento. Já a vitória nos traz o desafio da sustentabilidade e os ensinamentos de que o sucesso passado não garante o êxito futuro, de que vencer como favorito é tarefa ainda mais árdua e de que jamais podemos nos acomodar. Fixe-se no desempenho, nunca no placar.
 
Finalizando, algumas recomendações finais aos líderes:
 
:: Demonstrem transparência em suas ações;
:: Desenvolvam relações de confiança;
:: Busquem a proximidade com a equipe;
:: Instiguem o inconformismo.


* Tom Coelho é Colunista do EmpresasVALE.
É consultor, professor universitário, escritor e palestrante.
Participou do World Management 2007 representando o Portal Administradores.
www.tomcoelho.com.br.


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