Colunistas
Como a gestão do conhecimento pode mudar o mundo?
Depois de décadas como
professor e
executivo, continuo batendo em uma tecla: a mudança construtiva depende de conhecimento e a boa gestão deste ativo pode mudar nosso mundo para melhor.
No domingo passado, o programa Fantástico, revista semanal da Rede Globo de Televisão, dedicou alguns minutos ao processo de transformação do ensino no Brasil e no mundo, mostrando como os dispositivos digitais estão revolucionando as práticas educativas.
O repórter citou de passagem o trabalho cibernético inovador de Salman Amin Khan, que eu gostaria de analisar neste artigo.
Primeiramente, Khan é relativamente jovem. Nasceu nos Estados Unidos, em 1976, filho de mãe indiana e pai bengali. Bom aluno, estudou Matemática, Engenharia Elétrica e Ciência da Computação, obtendo diplomas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e da Harvard Business School.
Depois de formado, atuou um bom tempo como analista de hedge funds. Em 2004, ocorreu o fato que mudaria sua vida. Khan resolveu ajudar sua prima Nadia, que enfrentava problemas no aprendizado da Matemática. Para isso, usou a Internet, mais especificamente o notepad Yahoo’s Doodle.
Em pouco tempo, seu método se revelou excelente e chamou a atenção de parentes e amigos. Assim, em busca de eficiência e volume, Khan resolveu distribuir seus tutoriais no Youtube. Corria o ano de 2006 e as aulas ganharam grande popularidade.
Em 2009, percebendo o sucesso de sua ferramenta, Khan largou seu emprego para se dedicar integralmente ao projeto, denominado Khan Academy. Caprichado, o material atraiu a atenção de milhões de estudantes de todo o mundo. O método de ensino se destacou pela concisão, pela praticidade e pela capacidade de deixar os alunos relaxados para a aventura do aprendizado.
As primeiras aulas versavam basicamente sobre Matemática e Ciências. Hoje, são mais de 4 mil lições que abrangem praticamente todas as disciplinas básicas, além de temas como astronomia e microeconomia. Há conteúdos traduzidos para os principais idiomas, inclusive o Português.
Escolas de dezenas de países já utilizam o material de Khan para complementar as aulas convencionais. “Com pouco esforço de minha parte, posso beneficiar um número ilimitado de pessoas”, comemora o educador, que já ministrou 240 milhões de aula pelo sistema.
Em 2012, a revista Time elegeu Khan uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. A Forbes o colocou numa capa e publicou uma reportagem com o título “$1 Trillion Opportunity”.
Há dois anos, Bill Gates revelou que usava o software de exercício da Khan Academy para ensinar seus próprios filhos.
Ninguém paga para acessar o canal de Khan, que é mantido por doações privadas. Os maiores apoiadores são a Fundação Bill & Melinda Gates e o Google. Recentemente, o magnata mexicano Carlos Slim fez uma expressiva doação à Khan Academy para que expanda sua biblioteca de vídeos em Espanhol.
Sim, o método tem seus críticos. Alguns acadêmicos consideram as aulas repetitivas, carentes de aprofundamento e incapazes de despertar o senso crítico dos alunos. De fato, eles podem ter razão, mas isso não invalida o trabalho de Khan na difusão do
conhecimento, inclusive entre professores. Sua proposta é oferecer um suporte inovador na área do aprendizado, sem prejuízo das metodologias presenciais existentes.
O que o empreendedor Khan tem feito é, portanto, colaborar na
gestão do
conhecimento global, oferecendo a qualquer pessoa a chance de aprender e superar as barreiras ao desenvolvimento social e econômico. Com dedicação e empenho, ele democratiza acessos e colabora para a construção de um mundo melhor.
Afinal, a teoria, na prática, funciona!
Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br
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