Qual a empresa?
Categorias mais buscadas: ver todas as categorias

Colunista

Como impedir que a rede vire dependência?

Já tratei do tema em outro artigo. No entanto, o assunto é complexo e exige revisitas regulares.

O debate ganhou as redes sociais depois da publicação da matéria de capa da revista VOCÊ S/A, da Editora Abril, com o título-indagação “Viramos escravos da tecnologia?”

A reportagem traz alguns números particularmente interessantes. Segundo uma pesquisa da IPSOS, realizada no ano passado com mil executivos, 88% estão diariamente conectados à Internet entre 13h00 e 16h00.

Do total, 76% consideram a rede como fonte primária de informação. Surpreendentemente, 65% navegam pelas redes sociais durante o expediente.

Um estudo da Mckinsey e da IDC, também de 2012, mostra que nos últimos quatro anos as ferramentas colaborativas aumentaram a eficiência dos processos no ambiente de trabalho.

Consultadas duas mil empresas, 74% consideram que o acesso ao conhecimento aumentou, 58% registraram redução nos custos de comunicação, 40% viram diminuir os gastos com viagens e 40% estão convictas de que seus funcionários estão mais satisfeitos.

De fato, a revolução cibernética mudou nosso mundo para melhor. Agora, somos mais ágeis, temos mais conhecimento e podemos constituir experiências de colaboração e compartilhamento no trabalho.

No entanto, existe paralelamente um lado “sombra” desse fenômeno de hiperconexão. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia revela que profissionais que trabalham diante de um computador são interrompidos ou interrompem-se, em média, a cada três minutos.

É muito. Quando isso ocorre, de acordo com a demanda, a pessoa pode levar até 23 minutos para retomar a tarefa e a concentração.

O resultado é previsível. Muitas vezes, tarefas simples demoram muito até serem cumpridas. Nesse processo segmentado, as pessoas ficam ansiosas e, obviamente, cansadas.

Segundo especialistas, em muitos casos, o cérebro está se acostumando a “ingerir” informação de maneira desordenada e obsessiva.

O desejo de consumir notícias frescas é incontrolável. Isso ocorre no campo estritamente profissional, com a busca, por exemplo, de cotações de mercado, mas também no campo pessoal, com a checagem incessante, por exemplo, de reações a postagens no Facebook.

Em algumas situações, os profissionais praticam o cyberslacking, vadiagem cibernética, em que o trabalho é substituído por atividades de interesse pessoal.

Trabalhadores esgotados ou desmotivados na empresa tendem ser os primeiros a cair nessa armadilha. Um estudo da consultoria Triad PS mostra que 62% dos que adiam atividades procedem dessa forma porque se excedem na navegação pela rede.

Este é, sem dúvida, um dos desafios para a gestão nos dias de hoje. Muitos projetos simplesmente se arrastam porque os envolvidos se perdem em atividades paralelas na Internet.

Convém lembrar que isso muitas vezes ocorre porque os líderes e chefes das equipes também exageram no uso das ferramentas de comunicação.

Nesse caso, a rede convencional não é a única responsável. Os dispositivos móveis também geram demandas intermináveis e muita ansiedade.

Pais preocupados com os filhos, por exemplo, os inundam de torpedos e os atormentam com inúmeras chamadas telefônicas. Muitas vezes trata-se de desperdício de tempo e energia porque simplesmente nada ocorreu entre um contato e outro.

Para se evitar a dependência, exige-se disciplina e muito bom senso. E essa orientação deve ser oferecida pelos gestores de equipes.

Em muitos casos, por exemplo, o profissional não precisa checar sua caixa de e-mails a cada quinze minutos. Pode verificá-la, por exemplo, três vezes ao dia.

Os sistemas de mensagens instantâneas são particularmente danosos ao desenvolvimento do trabalho. É importante que sejam utilizados somente em emergências ou em contatos de trabalho.

Muitas empresas já reservam um tempo especial para que os colaboradores executem suas tarefas pessoais e façam uma navegação investigativa pelas redes sociais.

Em muitas situações, essa trégua para o livre passeio refresca as ideias, gera inspirações e reduz a ansiedade. Mas é preciso que exista um período de tempo determinado para esse recreio.

Por fim, é necessário saber que computadores são programados para fazer várias coisas ao mesmo tempo. No caso do cérebro humano, não é bem assim.

Frequentemente, diante do computador, o que funciona para os seres humanos é a eleição de prioridades e a dedicação exclusiva.

Melhor dedicar 50 minutos corridos à elaboração daquele PowerPoint de apresentação do que 85 minutos à mesma tarefa, de maneira interrompida.

As conexões deste novo tempo potencializam a capacidade realizadora, mas também podem inviabilizar processos e desmobilizar ótimos colaboradores.

Portanto, cabe planejar estrategicamente o uso desses dispositivos. Plugados, mas sem dependência: é assim que produzimos mais e melhor.

Afinal, a teoria, na prática, funciona!


Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

Voltar

Coloque sua empresa na internet! Hot Sites EmpresasVALE
ApoioIncubadora Tecnológica UnivapSão José dos CamposSebrae SPCIESPUnivapParceirosACI SJCACI SP


2000 - 2014 | EmpresasVALE® - Todos os direitos reservados
Desenvolvido por: Sites&Cia