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Colunista

O efeito Tunísia também ocorre nas empresas?

Recentemente, um amigo empresário me confidenciou:
- Julio, confesso que estou preocupado com essa encrenca no Oriente Médio.
- Por quê? Você tem negócios por lá? – indaguei.
- Não, disse ele. Mas você não acha que esses processos de contaminação em cadeia podem afetar o universo corporativo?
Só então compreendi o receio de meu colega. E percebi que ele tinha bons motivos para pensar no assunto.
No Oriente Médio, protestos na Tunísia se alastraram por outros países.
Logo, egípcios e líbios estavam tocando suas revoluções. Marrocos, Iêmen, Bahrein, e Jordânia, entre outros, seguiram a onda.
Há, nesses casos, um modelo em que se misturam três ingredientes:
- insatisfação,
- multiconexão,
- poder das multidões.
E, certamente, situações desse tipo também podem afetar o mundo corporativo.
No caso do Oriente Médio, há insatisfação com antigos ditadores que, no fundo, não foram capazes de elevar o padrão de vida dos cidadãos, tampouco lhes garantir liberdade de participação e expressão.
Além disso, há meios de comunicação, especialmente a Internet, que atropelam todos os aparatos de censura e espalham notícias sobre reivindicações e insurreições.
Por último, a reação massiva tira o medo do indivíduo. Na multidão, ele se sente mais protegido, mais forte e convencido de que suas ideias são realmente consistentes.
Movimentos desse tipo também podem afetar os negócios das empresas. É o caso de ações desenvolvidas em vários países contra a Shell depois que a companhia teve problemas com ativistas ambientais na Nigéria.
O mesmo ocorreu com a Nike, depois de denúncias sobre as condições de trabalho em suas oficinas em países subdesenvolvidos.
Setores inteiros, como o de defensivos agrícolas, sofrem cada vez mais com protestos globais de cidadãos insatisfeitos.
A “contaminação” rebelde pode se iniciar com um simples vídeo no Youtube.
Há poucas semanas, um cidadão postou um vídeo na Internet reclamando do atendimento da Brastemp. Em poucos dias, ganhou a simpatia de centenas de milhares de cidadãos, alguns dos quais haviam sofrido com problemas semelhantes.
Portanto, é sempre importante ter em mente que os consumidores não são bobos e hoje se comunicam muito rapidamente.
Respeite sempre seus compromissos sociais e ambientais. Cumpra seus prazos. E nunca descuide das relações com os consumidores.
Se a má notícia tem pernas velozes, jamais permita que ela se transforme na propaganda do seu negócio.

Pois a teoria, na prática, funciona!

Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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