Colunistas: Tom Coelho
Ética em vendas
"Negociação é a arte de chegar a acordo sem ceder nos princípios."
(Frei Betto)
A ética em vendas pode ser entendida como os padrões utilizados para avaliar
se o comportamento do profissional de vendas é certo ou errado, bom ou mau,
justo ou injusto.
Muitas são as situações recorrentes na arena comercial que levam o vendedor
consciente a um dilema moral. Alguns exemplos:
1. Propina. É a oferta de algo de valor ao comprador com objetivo de
influenciar seu julgamento ou sua conduta. Ao utilizar este expediente uma
vez, como forma de acessar um novo cliente, incorre-se no risco - quase uma
certeza - de que o procedimento se repetirá em todos os próximos pedidos. A
propina passa a integrar o preço, podendo comprometer a margem líquida da
empresa e até mesmo sua própria comissão.
2. Conluio. Trata-se de acordo, aliança ou combinação com intuito de
prejudicar outrem. O objetivo pode ser evitar a entrada de um novo
fornecedor, por exemplo, buscando desqualificá-lo por questões de preço,
prazo ou qualidade, garantindo assim a manutenção de uma política que
perpetue o pedido ao vendedor e a propina ao comprador.
3. Espionagem. Foi-se o tempo em que espiões camuflavam-se dentro das
empresas, arrombavam portas ou furtavam fórmulas secretas. A
contraespionagem virou uma indústria dos serviços, além de funcionar como
uma das estratégias possíveis na política de BI, ou business intelligence,
de algumas organizações. Os segredos corporativos estão por toda parte: nas
lixeiras dos escritórios (daí a invenção das fragmentadoras de papel), nos
relatórios postados sobre a mesa dos executivos e especialmente nos
computadores. Acessar listas de preços, políticas de desconto, mailing de
clientes e planos estratégicos, está a um clique do mouse. Por isso, a
segurança de informações tornou-se vital para as corporações.
4. Conflito de interesses. Esta situação fica caracterizada quando uma
negociação é conduzida de forma a beneficiar o vendedor, mas não a empresa
em que trabalha. A meta de vendas é atingida, a comissão é garantida, mas a
rentabilidade do negócio fica comprometida.
5. Indução ao erro. Aqui presenciamos o profissional que oferece ao seu
cliente o que lhe convém vender, independentemente de atender às
necessidades e expectativas. E isso acontece em dois extremos. Se a
disponibilidade financeira do comprador é limitada, o produto ou serviço
ofertado é reduzido ao limite, muitas vezes sem atender à demanda. Em
contrapartida, quando não há restrições orçamentárias, o vendedor impõe algo
muito superior ao desejável, incluindo recursos ou opcionais que jamais
serão utilizados, mas que oneram o valor da negociação.
Diante de todas estas possibilidades, resta ao vendedor uma certeza. Evitar
um conflito ético e pessoal está relacionado aos seus valores e também aos
valores da organização na qual trabalha. Uma negociação conduzida de maneira
lícita, íntegra e honrada, satisfaz o cliente garantindo uma repetição de
compra ou, no mínimo, boas referências sobre sua conduta profissional e
sobre os procedimentos de sua empresa.
Valores são os princípios que guiam o processo decisório e que balizam seu
comportamento no cumprimento de sua missão, sua razão de existir. São seus
valores que lhe indicarão quando usar um dos artifícios apresentados acima -
ou como buscar alternativas aos mesmos capazes de manter você no jogo das
vendas.
Lembre-se de que a ética é uma opção fundamentada no bem e na virtude.
Confúcio dizia que "não são os princípios que dão grandeza ao homem, mas é o
homem que dá grandeza aos princípios". Negocie produtos, negocie serviços,
mas não negocie princípios. A menos que você consiga dormir o sono dos
justos agindo assim...
Contato através do e-mail: tomcoelho@tomcoelho.com.br
Site: www.tomcoelho.com.br
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