Colunista
Como aprender com os 10 grandes casos de falência em 2011?
Há quase uma década, tratei deste assunto em meu livro Reinventando Você. Na época, no entanto, a situação era outra.
No cenário internacional, falava-se muito (e de forma ingênua) em globalização e previa-se uma expansão súbita da oferta de crédito, especialmente nos Estados Unidos.
Isso, de fato, ocorreu entre 2002 e 2004, quando um formidável volume de dinheiro entrou nos bancos norte-americanos, proveniente, sobretudo, das economias asiáticas emergentes e dos países produtores de petróleo.
O excesso de liquidez ampliou o crédito, alçou inadimplentes históricos ao teatro das transações hipotecárias e iniciou uma ciranda multissetorial de negociações irresponsáveis.
Certo dia, finalmente faltou o lastro, a referência real que justificasse aqueles valores nominais. Esses foram os antecedentes da crise que eclodiu em 2008.Passou a onda alta do tsunami, mas muitas organizações ainda sofrem os efeitos dessa tragédia econômica e financeira.
A CNBC listou 10 grandes casos de falência em 2011, muitos deles expondo empresas que pareciam destinadas a durar para sempre.
É o caso da número 1 da lista, a MF Global Holdings, com ativos de US$ 40,54 bilhões e 2850 empregados, cujo bankruptcy date foi o último dia de Outubro.A empresa tinha mais de 200 anos de atividade e protagonizou o maior colapso em Wall Street desde a queda do Lehman Brothers, em setembro de 2008.
Outro exemplo é a Lee Enterprises, responsável por mais de 40 diários em 23 estados norte-americanos. Fundada em 1890, a empresa mantém 6.200 funcionários. Jogaram a toalha em 12 de dezembro último.
Caiu nesta rede de fracassos também o poderoso Borders Group, com 19.500 funcionários. Chegou a ser o segundo maior distribuidor de livros dos EUA, atrás da Barnes & Noble.
Quando expandiu suas operações, nos anos 90, a empresa ganhou a fama de "matadora" de pequenas livrarias.
Na verdade, a falência americana mais se parece com uma "nova chance". As companhias podem tentar renegociar dívidas e iniciar um processo de reestruturação, mesmo com um borrão feio na imagem institucional.
Uma análise detalhada atesta que as empresas afetadas pertencem a diversos setores, o que mostra a extensão da crise norte-americana. Juntas, as dez maiores empresas falidas empregavam quase 90 mil pessoas e tinham ativos que superavam US$ 83 bilhões.
Há quatro fatores básicos que respondem por esses tropeços corporativos:
1- Muitas empresas escoram seus negócios em valores virtuais ou fictícios, isto é, no dinheiro sem lastro;
2- Certos dirigentes empresariais não percebem que alguns mercados estão mudando rapidamente ou que, simplesmente, entraram no caminho da extinção;
3- Alguns executivos acreditam que o poder da marca é capaz de mascarar produtos ou serviços inferiores, ignorando arrogantemente a evolução da concorrência;
4- Empresas sólidas podem descuidar da própria cultura, falhar na formação interna e perder sua identidade, seus valores e, por consequência, sua clientela.
Pense nisso com carinho, pois alguns desses elementos também valem para médias e pequenas empresas. Afinal, a teoria, na prática, funciona!
Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
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