Colunistas
A Guerra Corporativa dos Sexos
Aqui estamos nós no terceiro milênio, enfrentando tsunamis, furacões, terremotos, efeito estufa e, na arrogância de uma humanidade que é mais informada que sábia, enviamos sondas às diferentes regiões do espaço e chocamos naves contra cometas para continuarmos inquirindo sobre o Big Bang.
Enquanto isso...
Os homens descobrem que podem ser metrossexuais (definição daquele que originariamente era chamado de metropolitan heterosexual, ou seja, gênero masculino com seu kit natural de atributos e preferências, só que mais refinado) e as mulheres descobrem a igualdade. Igualdade?
Alguém falou em igualdade? Onde? Por favor enviem notícias...
Infelizmente, a igualdade é uma utopia, não há e não haverá igualdade entre os diferentes. Temos que discutir a justiça e o respeito e não a igualdade.
Uma das grandes atribuições do profissional de RH é contribuir para a administração das diferenças, permitindo o estabelecimento do clima organizacional favorável para o desenvolvimento das pessoas, equipes e, da organização como um todo. Para que isto seja possível, este profissional tem que exercer seu senso crítico de maneira constante para não se deixar levar pelo senso comum de que a igualdade é maior hoje do que foi no passado.
A guerra dos sexos continua a mesma, com os requintes da modernidade, mas essencialmente a mesma. E é claro que suas repercussões são fortemente sentidas no nível de satisfação e realização dos profissionais que compõe a organização. Afinal, o que as pessoas sentem de fato são as conseqüências de suas interações com a cultura e valores da organização e não o que esta propõe como discurso.
A questão básica é que existem a inveja, o orgulho e a ignorância como características inerentes ao ser humano que não se descobriu e não se aprimorou. As pessoas não suportam bem o sucesso das outras a não ser que estejam em condição igual ou superior a delas (exceção feita à pequena, pequena mesmo, parcela de pessoas altamente espiritualizadas - não me refiro àquelas que interpretam este papel – no mundo corporativo). Se o sucesso vier de pessoa de outro gênero ou preferência sexual, aí é que não se aceita mesmo.
A competição revela o que há de melhor nos produtos e o que há de pior nas pessoas.
Eu me pergunto até quando vamos continuar reproduzindo modelos competitivos tão arcaicos quanto “homens X mulheres” e coisas do gênero.
A suposta igualdade traz sofrimento a homens e mulheres. Somos iguais na espécie, mas, absolutamente diferentes no gênero. O fato é que as diferenças não são excludentes. Não há nada que não se possa fazer sendo mulher ou sendo homem, mas há sim determinadas tarefas que se adequam mais ao perfil masculino ou mais ao perfil feminino, conforme o caso. O perfil físico, emocional, intelectual e psicológico entre homens e mulheres varia, como também variam se compararmos dois ou mais homens ou duas ou mais mulheres. Cada ser humano é único! E a diferença de gênero é uma diferença bastante importante.
Não creio que exista justiça no tipo de “igualdade” oferecido às mulheres. Para conquistarem seu espaço profissional, depois de vencerem a ignorância misógina que os homens mantiveram a unhas e dentes por séculos, não tiveram suas diferenças respeitadas, muito pelo contrário são niveladas por uma pseudo-igualdade. Em geral elas trabalham mais, dedicam-se mais e continuam recebendo um salário menor. Quantos homens você conhece que abdicariam da presidência de uma empresa em favor da paternidade? Agora faça a mesma pergunta relativa às mulheres. Haveria igualdade se possibilitássemos a ambos os gêneros a plena realização de sua natureza.
A grande maioria das mulheres convive com uma falsa aceitação de seu talento, capacidade e, se me permitem, superioridade potencial, por parte de seus pares homens.
Além disso, dada a hipocrisia reinante no universo masculino ainda retrógrado, precisam exercitar tripla jornada (profissional, mãe e esposa/amante) sem a verdadeira equivalência de deveres dos seus metrossexuais maridos que, agora, além de tudo, não tem mais tanto tempo disponível porque têm que cuidar da aparência.
A liberdade feminina custou caro às mulheres e esta falsa demonstração de aceitação vai custar caro aos homens que, ao invés de investirem conscientemente no aprimoramento de sua visão feminina do mundo (e não me venham dizer que isto não é “coisa de macho”) ficam brincando de homens mais evoluídos agora de unhas feitas, roupa fashion e aromatizados pelas melhores fragrâncias, só que o conteúdo ainda deixa a desejar.
A guerra dos sexos é somente um episódio da guerra das vaidades e só vai ceder espaço para uma cooperação, com a qual todos têm a ganhar, quando aprendermos a reorientar nossas vaidades em favor de todos e não somente para satisfazer nossa necessidade de auto-engano, criando para nós mesmos uma falsa auto-estima que de fato não possuímos ainda.
A questão não é de igualdade é de justiça: a cada qual segundo seus talentos, competências e méritos. O resto... Bem, o resto é sexo... Digo, gênero.
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