Paulo Araujo
Um Passo a Frente
É incrível como e quanto o discurso mudou nos últimos anos, seja ele no campo econômico, político, social ou empresarial.
Novos termos e idéias abundam como água torrencial em dias de chuva, nos levam a reflexões e paixões pelos mais variados temas. Mas note que falar é fácil, mas fazer... Vamos ponderar agora sobre discursos que já mudaram, mas que a prática ainda continua sem dar aquele passinho, tão necessário, para frente...
Do discurso “Mundo Globalizado” para uma “Mentalidade Globalizada”. A conversa sobre globalização é antiga e pouco prática, o que interessa hoje é ter uma mentalidade globalizada. Quantos profissionais você conhece que planejam ter uma carreira internacional? Quantas empresas realmente têm feito um esforço adicional para exportar seus produtos e abrir novos mercados? A verdade é que ter um produto de qualidade internacional dá trabalho e poucos estão dispostos a encarar tal desafio. Por mais que governo e políticas atrapalhem, o discurso de globalização só vai ter um efeito positivo em sua empresa e em sua carreira se você tiver mentalidade globalizada e estar aberto para um mundo novo cheio de possibilidades, instabilidades e riscos.
Do discurso “Profissional Talentoso” para uma “Equipe Talentosa”. A verdade é que ninguém faz nada sozinho e o sonho de encontrar um Super-Homem ou Mulher Maravilha que resolva todos os seus problemas pode não passar disto: um sonho. A cultura do “salvador da pátria” não é mais condizente com o nível de competitividade que temos de enfrentar. Hoje, o segredo é ter uma equipe talentosa, assim como uma orquestra afinada que ao ritmo de vários instrumentos executam lindas composições. Anote aí: não existe e nunca vai existir uma pessoa perfeita, mas pode vir a existir uma equipe perfeita para uma determinada situação. A seleção brasileira de vôlei está muito próxima disso. Desde que o fantástico técnico Bernardinho assumiu, a seleção disputou todas as finais em todos os torneios que disputou, com exceção do torneio Pan-americano. Virtudes do técnico? Também. Mas virtudes de toda a comissão técnica e de cada jogador que colocou todo seu talento à disposição do objetivo maior que era a conquista do bi-campeonato olímpico. O mais incrível é que quando a equipe torna-se perfeita ela transmite a quem está de fora nítidos sinais de comando, ou seja, uma liderança pró-ativa, foco no resultado e clareza no discurso, onde todos falam a mesma língua, além de um ambiente alegre e vibrante.
Do discurso “Investir no Cliente” para uma “Desenvolver o Cliente”. Não pense somente na comissão que o cliente pode lhe dar. Vejo empresas que matam “as galinhas dos ovos de ouro” com uma extrema facilidade. Em minha concepção o cliente é seu maior patrimônio, afinal nossa empresa existe para oferecer algo a alguém. Como a concorrência é feroz e rápida em copiar inovações creio que o diferencial está em saber desenvolver o seu cliente, criar um mercado forte e crítico. O cliente tem de sentir que sua empresa é seu cúmplice. Seu produto ou serviço deve agregar valor ao seu cliente, senão será muito fácil ser substituído por outro. Sua empresa realmente contribui para o crescimento de seu cliente? Ele tem essa percepção? A relação é ganha-ganha ou ganha-perde? Antes de olhar para o bolso, olhe para o coração de seu cliente, entenda as razões que o levam a comprar e continuar comprando de você.
Do discurso “Encantar o Cliente” para uma “Encantar a Equipe que Cuida do Cliente”. Aqui outro erro fatal. Empresas que fazem de tudo para encantar seus clientes e nada fazem para encantar quem cuida deles. Toda empresa tem clientes internos que normalmente são esquecidos nesta relação. A qualidade do produto ou serviço que seu colaborador presta ao seu cliente é diretamente proporcional a qualidade do “atendimento” que ele recebe na empresa. Antes de tentar encantar o cliente, encante a equipe que cuida dele. Não estou só falando da equipe de vendas, essa é importantíssima e ninguém discorda, mas e quanto à equipe de apoio, o pessoal da produção, o staff do escritório? Empresa moderna é aquela onde todos tem o foco no cliente. Pense em uma secretária de um dentista brava com o “doutor” e o estrago que ela pode fazer em sua agenda. Crie a cultura de surpreender todos os seus clientes.
Do discurso “Empresas Burocratas” para “Empresas Felizes”. Passamos tempo demais em nosso trabalho, mais do que com nossa família, daí a importância de criar um ambiente onde as pessoas gostem de estar e efetivamente queiram deixar lá uma parte de suas vidas, pois é isto o que realmente acontece nas empresas onde as pessoas gostam de trabalhar. É preciso fazer pessoas comuns realizarem coisas extraordinárias, fazer com que se sintam úteis e indispensáveis e não o contrário. Investir pesadamente na consciência de que cada pessoa pode fazer a diferença e não em controles rígidos e pesados que oneram processos e afetam negativamente os resultados. Creio que uma boa relação para saber se a empresa está retendo talentos é procurar saber o quanto seus colaboradores se sentem frustrados. Frustração por nunca ter sido ouvido, por não ter suas idéias aceitas, por não saber como anda seu desempenho, pode parecer sem nexo, mas o nível de frustração de sua organização define se ela é ou não um bom lugar para trabalhar. Simplificar, estabelecer e deixar claro os limites para decisão de cada nível hierárquico e estar aberto a adotar um novo modelo de gestão, onde o capital intelectual seja efetivamente utilizado para tornar a empresa mais eficiente.
Agora é apertar o passo e, de forma ágil e cooperativa, corrigir a rota rumo a uma nova mentalidade, que deve ser traduzida por novas ações. E assim, quem sabe, estar muitos passos a frente de seu concorrente e bem perto de uma nova realidade organizacional, que pode gerar muita prosperidade.
Contato através do e-mail: paulo@pauloaraujo.com.br
Site: www.pauloaraujo.com.br
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