Colunista
Pior empresa do mundo: em quem você votaria?
Lembro-me muito bem de um alerta de Philip Kotler, expresso em seu livro didático Administração de Marketing, publicado no final da década de 70.
Segundo o nobre professor, o “consumerismo” poderia produzir a vergonha do marketing.
Kotler utilizava o termo no sentido de uma atitude oposta ao consumismo, referindo-se a um movimento social espontâneo que procurava elevar o poder de quem comprava na relação com quem vendia.
Esse fenômeno já indicava um processo de adesão ao consumo responsável, racional e equilibrado, no qual são analisadas as consequências sociais, econômicas e ambientais do ato de compra.
Para Kotler, as pessoas desenvolveriam estratégias para se defender de empresas que não fossem capazes de atender adequadamente e respeitar seus clientes.
Isso se deu, por exemplo, em 1985, nos EUA, quando a Coca-Cola Company resolveu modificar a fórmula de seu principal refrigerante.
A New Coke foi mal recebida, constituindo um dos maiores fracassos de marketing da história. Por conta dos protestos, a antiga bebida foi reintroduzida com o nome de “Coca-Cola Classic”.
No entendimento de Kotler, determinados diagnósticos e correções deveriam se constituir em obrigações da empresa.
Toda vez que os clientes se organizassem para efetuar solicitações ou reclamações, estaria configurada uma falha dos profissionais de gestão e marketing da companhia.
O que o professor não poderia imaginar é que, no alvorecer da segunda década do Século 21, clientes e não clientes estariam se mobilizando fortemente para eleger a pior empresa do planeta.
Promovido pela Declaração de Berna e pelo Greenpeace, o Public Eye Awards vem ganhando notoriedade mundial.
Pela via digital, milhares de pessoas se mobilizam para passar um pito público em companhias pouco atentas a suas obrigações no campo social e ambiental.
De acordo com os organizadores, o objetivo é lembrar o universo corporativo de que atos irresponsáveis mancham a imagem das empresas e ferem a reputação de seus executivos.
Seis empresas disputam o troféu este ano. E a premiação tem data marcada: 28 de janeiro. A mensagem dissonante será divulgada durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Quer ver como anda a votação? Clique aqui
Não se surpreenda quando pleitos desse tipo se tornarem populares em nosso país.
Com a difusão da Internet, os consumidores se tornaram mais informados, mais criteriosos e mais exigentes.
E isso é excelente, pois nos serve de referência para o aprimoramento da gestão em todas as suas dimensões, da escolha de matérias primas à definição da política de recursos humanos, da construção dos planos de marketing à montagem de um sistema de acompanhamento pós-venda.
Quer fugir das listas futuras? Comece a olhar com mais interesse e carinho para o outro lado do balcão.
Pois, a teoria na prática, funciona!
Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br
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