Colunistas
Quem se assustou com o selinho de Emerson Sheik?
A polêmica da semana ficou por conta do “
selinho” que o jogador
Emerson Sheik deu em seu amigo
Isaac Azar, chef de cozinha, dono do restaurante Paris 6. Repetiu o que já fizeram Buffon, Rooney, Scholes, Caniggia e Maradona, entre outros craques.
Ontem, torcedores organizados promoveram no centro de treinamento do clube um protesto contra o comportamento do atleta.
Claro, era uma minoria, mas causa espanto que pessoas ainda se importem com isso na segunda década do Século 21.
De alguma forma, no entanto, o atacante conseguiu colocar a questão da homofobia de volta à mídia. Ganhou destaque em todos os jornais e até no programa matutino de Fátima Bernardes, na Rede Globo.
Ora, como negócio de entretenimento, é fato que o futebol perde ao manter uma cultura machista e preconceituosa.
Vamos rememorar. O público GLBT é sofisticado e, no geral, tem mais dinheiro para gastar.
Em 2011, o poder de compra desse público, nos EUA, por exemplo, foi de US$ 875 bilhões. No Brasil, estima-se que supere R$ 150 bilhões anuais.
Estudos mostram que 48% dos gays têm nível superior completo e 78% usam cartão de crédito. Gastam até 30% mais em bens de consumo do que os heterossexuais.
Uma pesquisa da InSearch mostrou que investem 60% mais em cosméticos e 28% mais em produtos culturais e educativos. No total, 48% têm TV por assinatura e 57% adquirem livros.
Estima-se que 10% da população brasileira esteja inserida nesse grupo. Cabe lembrar que a comunidade exerce forte influência sobre outros segmentos, constituindo estímulos de consumo.
As empresas gay-friendly conseguem, portanto, adiantar-se na identificação de tendências de consumo. Humanizam o atendimento, tornam-se mais rápidas e lidam melhor com questões de estética e design.
A cultura gay é, cada vez mais, vivida pelos heterossexuais, como parece ser o caso de Sheik. O professor Eric Anderson, da Universidade de Bath, afirma que hoje os homens heterossexuais se beijam como forma de demonstrar amizade em ambientes onde a homofobia cede lugar à confiança. Em uma pesquisa em 145 universidades e colégios do Reino Unido, ele descobriu que 37% dos jovens brancos heterossexuais já haviam beijado outro homem, em gestos de amizade, carinho ou admiração.
Surpreso? Espantado? Escandalizado? Não importa o seu conceito (ou preconceito) sobre a questão. A boa gestão dos negócios, em vários segmentos, vai exigir, cada vez mais, conhecimento sobre o tema e respeito pela
diversidade.
Afinal, a teoria, na prática, funciona!
Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br
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