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Colunistas: Raúl Candeloro

Simplicidade

Existe uma pressão cada vez maior em fazer mais em menos tempo. Comecei a sentir isso anos atrás, ao me sentir culpado por sentar no sofá no final da tarde e sorrir por não ter nada para fazer. Infelizmente, a sensação durou pouco, pois meu cérebro começou imediatamente a fazer uma lista de coisas – algumas úteis, outras não – que eu poderia estar fazendo no momento e rapidamente senti remorso por estar ali, “perdendo tempo” (quando na verdade deveria estar curtindo o final de um dia produtivo).



Noto também que é comum vermos gente almoçando e falando ao celular ao mesmo tempo. Muitas vezes até interrompem quem está à sua frente para falar com alguém que está em outro lugar. Além da falta de educação (e de respeito), o que dá para notar é que algumas dessas pessoas realmente não estão almoçando – estão apenas colocando comida para dentro. É como se fosse uma parada obrigatória, mas, se pudessem escolher, estariam fazendo outra coisa, em outro lugar, com outras pessoas. Essas pessoas não estão ali de verdade, se estivessem, notariam os jogos de luzes e sombras, o aroma, a energia do local, o sabor da comida, a cor do prato, os talheres. Mas tudo o que querem é colocar comida rápido para dentro, para “voltar para a vida”, como se aquele momento também não fizesse parte dela.

Precisamos ter a disciplina de prestar atenção nessas coisas, pois são elas que nos relembram que estamos vivos, que não estamos sozinhos e que fazemos parte de algo maior, conectados com o resto do universo. Você não consegue controlar tudo, mas ao escolher a simplicidade descobrirá que, muitas vezes, pouco pode ser muito.

“Devagar que tenho pressa”, se não me engano, foi dito por Napoleão. Precisamos aprender a dizer “não” a algumas coisas para poder prestar mais atenção em outras. Até mesmo nas coisas materiais. Quantas coisas temos e que não precisamos? Realmente precisamos de todas as bugigangas, eletrônicas ou não, que temos em nossa vida?

Note que cada coisa a mais que você coloca na sua vida demanda um tempo maior que será dedicado a isso. Isso significa, necessariamente, menos tempo para o resto, pois como você já deve ter notado, infelizmente o tempo não estica. São 24 horas e só, acabou o dia.Tanto que qualquer especialista sério de administração do tempo começa seu curso explicando que nós não administramos o tempo, pois ele é “inadministrável”. Por mais que você tente, um segundo demora um segundo e um minuto demora um minuto. A única coisa que você pode administrar é o que fará com aquele minuto – a que dará prioridade e fará agora e o que deixará para amanhã. Ou seja, você administra o que faz com o tempo, mas não o tempo em si. Então, não adianta reclamar que o dia é curto ou que você tem coisas demais para fazer. O problema, muitas vezes, está em provocar a complicação e não procurar a simplicidade simplesmente por não saber dizer “não”.

Como o que você está fazendo neste exato instante é terminar de ler meu pequeno artigo, gostaria de aproveitar o momento para relembrá-lo da importância da simplicidade e da disciplina em dizer “não” às coisas que roubam seu tempo do que é realmente importante na sua vida. Todo mundo faz listas de coisas “a fazer” – eu acho que deveríamos todos ter listas de coisas “a não fazer”. Com certeza seria bem útil (e simples).

Contatos através do e-mail: raul@vendamais.com.br
Site: www.vendamais.com.br

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