Não é fácil abrir um negócio. Só quem é empreendedor sabe bem as dificuldades enfrentadas para começar uma empresa - desde o pedido de registro de alvará até o momento de procurar mão de obra. No entanto, algumas dessas barreiras podem aparecer mais no caminho de mulheres do que de homens. É o que indica um estudo do banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs, divulgado durante o Women's Forum Brazil, evento realizado em São Paulo no início desta semana.
Segundo a pesquisa, feita com empreendedoras de 190 países, existem cinco problemas que acabam afetando mais a vida de mulheres à frente de negócios. Veja abaixo:
1) Barreiras legais
Em quase 90% dos países analisados pelo Goldman Sachs, existe alguma lei que restringe oportunidades econômicas a homens. Por exemplo, em 28 nações ao redor do mundo, os maridos podem impedir que suas mulheres trabalhem ou tenham um negócio. Outros obstáculos legais incluem ainda leis de herança e de propriedade, em que apenas os filhos do sexo masculino são beneficiados.
A falta de apoio na legislação intimida mulheres a iniciar empresas, principalmente em países onde existe uma cultura masculina dominante.
2) Acesso a educação
Em seu estudo, o Goldman Sachs considera que a educação cria uma base sólida para donos de negócios, porque desenvolve o pensamento crítico e pode dar ao menos uma noção básica de planejamento financeiro. "A desigualdade do nível de educação entre homens e mulheres ao redor do mundo representa um enorme desafio para as empresárias, particularmente em países em desenvolvimento", diz a pesquisa. Na China, por exemplo, apenas homens são aceitos em alguns cursos universitários, como mineração e engenharia civil.
3) Condições microeconômicas
Condições microeconômicas favoráveis, como boa infraestrutura, baixos custos para iniciar um negócio e uma proteção forte a patentes são fundamentais para construir um ambiente produtivo para negócios. "Apesar de terem passado por uma melhora muito grande nos últimos anos, os países em desenvolvimentos ainda deixam muito a desejar quando comparados aos países desenvolvidos neste aspecto", diz o relatório do Goldman Sachs. Ainda mais porque, nestas economias, algumas condições excluem as mulheres. Segundo o estudo, muitas empreendedoras deixam de adotar novas tecnologias que poderiam beneficiar seus negócios por falta de conhecimento e treinamento. "Se elas não adotam novas tecnologias deixam de expandir suas empresas por não conseguirem dar conta de um volume maior de negócios sem uma ajuda digital."
4) Tradição e cultura
Convenções sociais ditam os papéis de homens e mulheres no ambiente familiar, no trabalho e na sociedade. De acordo com a instituição financeira, algumas dessas convenções deixam as mulheres em uma situação desvantajosa, principalmente em países onde elas são educadas para casar cedo e cuidar dos filhos e idosos da família. "Essas responsabilidades diminuem as possibilidades de uma mulher fundar uma empresa e fazê-la crescer." As convenções sociais, então, acabam limitando os campos a que uma mulher pode se dedicar. "Assim, as mulheres que desejam empreender acabam aprisionadas em setores que não são tão lucrativos ou produtivos".
5) Acesso a financiamentos
Uma grande quantidade de pesquisas aponta que o acesso a financiamentos de empresas é mais restrito para mulheres do que para homens. Um quarto das empreendedoras entrevistadas pelo Goldman Sachs afirmaram que a dificuldade de acesso a crédito é o principal obstáculo para seus negócios. No Brasil, quase 50% das donas de empresas acreditam que o problema no acesso a financiamento é severo.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes negócios
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