Quando fundou a rede ensino de idiomas Wise Up, em 1995, o empreendedor Flávio Augusto da Silva tinha a certeza de que seria preciso trabalhar muito para fazer o negócio dar certo. Na cabeça estava a ideia de oferecer cursos de inglês para adultos que não podiam ficar cinco anos estudando até atingir a fluência. Era preciso usar uma metodologia para acelerar o processo. Para pôr a ideia em prática, somou os cheques especiais de sua conta corrente e da conta da esposa e começou o negócio com R$ 20 mil. Passou por dificuldades – como todo empreendedor –, mas viu sua ideia dar certo e prosperar. No ano passado, Flávio Augusto vendeu a rede de franquias Wise Up e outros negócios relacionados para o Grupo Abril, por R$ 877 milhões.
Depois da negociação, decidiu investir em um time de futebol nos Estados Unidos, apostando na explosão da popularidade do soccer por lá. Comprou 85% do Orlando City, que a partir de 2015 vai disputar a Major League Soccer, a principal divisão do futebol no país. Além do esporte, o empreendedor tem outros negócios, entre eles o Geração de Valor, um projeto que começou com o intuito de motivar as pessoas a sair da mesmice. Esta semana, Flávio Augusto anunciou novidades para a iniciativa, num evento para 1500 pessoas em São Paulo.
Veja algumas lições de Flávio Augusto para empreendedores:
Seja protagonista da sua própria vida. Nunca deixe de lado o protagonismo. Algumas ideologias colocam o estado e não o indivíduo como protagonista. Para escrever a nossa história, devemos ser os redatores. Não podemos delegar a função a outra pessoa. Uma onda de ‘coitadismo’ invadiu nosso país. A mentalidade ‘coitadista’ faz mal para quem quer ter uma carreira de sucesso, porque detona a autoconfiança. Como você acha que vai conseguir construir alguma coisa se você se acha um coitado?
É preciso mudar os hábitos. A gente cultiva e herda hábitos da família, da sociedade. Eles estão em nossa forma de pensar. E podem ser hábitos de galinhas ou de águias. Em algum momento, será preciso ter humildade e revisar a própria vida. Você vai descobrir que está errando alguma coisa ou vai se achar vítima de tudo. Não dá para construir um prédio em cima de entulhos.
Assuma a responsabilidade. Pensar fora da caixa é entender que para escrever sua própria história você não pode ser a pessoa que dá desculpa para tudo. Não transfira para alguém a razão do seu próprio fracasso. O que você está colhendo agora é resultado do que você plantou em anos anteriores. Nós somos responsáveis pelo que fazemos. Você tem a chance de pegar o leme da sua vida e assumir o controle.
Nada é impossível. Se alguém diz que algo é impossível, essa pessoa quer roubar os seus sonhos. A transformação da mente é o exercício da sua intelectualidade. Só animais inteligentes mudam de ideia porque percebem uma debilidade. O orgulho pode impedir isso de acontecer. Você sempre vai culpar um terceiro por achar que não é culpado. Quem quer ter o controle de sua história, sabe que é responsável pelo que faz. E percebe que o problema é você. Mas a solução também está em você.
Seja perseverante. O senso comum pode querer convencê-lo de que não é possível realizar algo. Romper isso é um desafio que cada um de nós tem desde cedo. Veja os exemplos de quem começou do zero, era pobre, teve disciplina e não aceitou um não como resposta. Até que ponto você está disposto a perseverar por seu projeto? Esteja disposto a contrariar a estatística e até a opinião de quem você ama, que gosta de você e quer o seu bem. O contexto desafia o empreendedor a avançar ou recuar. É um desafio natural do dia a dia.
Não tenha medo de crises. Mentalidade é tudo. Forma de pensar é tudo. Comecei a trabalhar numa escola de inglês em 1991, quando o presidente Fernando Collor cortou toda a poupança dos brasileiros. O mercado estava sem liquidez, o desemprego era alto e inflação batia na casa dos 86% ao mês. O ambiente de crise sempre existe, mas com a economia global de hoje, não há impedimento para empreender. A crise não deve ser um fator intimidador. A pessoa precisa ter cuidado, mas não se intimidar. O ambiente no Brasil ainda é muito favorável para empreender. Há um mercado interno muito grande e ávido para consumir produtos inovadores. Às vezes, você só precisa de um posicionamento novo num contexto que já existe. Fizemos isso em 1995 com a Wise Up. Sempre vai existir uma oportunidade para quem quer empreender e fazer acontecer.
Você tem uma missão. Cada um de nós tem algo dentro, que clama para você ser você mesmo e cumprir sua missão, sem se importar com o que os outros vão pensar. Se criamos um país de gente dependente, comprometemos o futuro das pessoas. E lembre-se: quem tem uma missão não tem relógio de ponto. Faça o que você ama.
“Você é louco.” Este será o melhor elogio que você vai receber.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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