Negócios de impacto social com propostas para melhorar o rendimento escolar predominaram na apresentação dos empreendedores acelerados pela Artemisia, realizada na noite de ontem (13), em São Paulo. Das nove startups que passaram pelo programa de capacitação, mentoria e contato com investidores nos últimos seis meses, cinco criaram soluções para aprimorar não só o aprendizado dos alunos mas também a gestão das escolas.
Elas fizeram parte da segunda turma formada pela Artemisia neste ano; em julho, outros dez empreendedores apresentaram suas inovações sociais para o público. “Estamos em um momento muito bom para negócios de impacto. Neste ano, analisamos 650 propostas de empreendedores e alavancamos R$ 9 milhões em investimentos para eles”, afirma Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia.
Oito dos nove empreendedores acelerados subiram ao palco do Centro da Cultura Judaica, na zona oeste da capital paulista, para explicar à plateia suas propostas para causar um bom impacto social com seus negócios – confira, abaixo, quais são elas.
Edukar
Não basta financiar as mensalidades para que um jovem de baixa renda possa cursar uma faculdade. Muitas vezes, o que o afasta do ensino superior é a falta de recursos para bancar alimentação, moradia, transporte e até cursinho preparatório. De olho nesse público, a Edukar, de São Paulo (SP), criou um pacote de financiamento que cobre todos esses custos e é desenhado de acordo com a renda do estudante. Além disso, a empresa oferece orientação profissional e ajuda para os jovens conseguirem o primeiro emprego. “É como o agenciamento de um jovem talento no futebol. Não queremos ter só fenômenos da bola, e sim oferecer oportunidades para fenômenos em áreas como engenharia, finanças e direito”, explica Roberto Tesch, um dos sócios da Edukar.
IES2
Um dos fundadores do Grupo Anhanguera Educacional, José Luís Poli, resolveu abrir outro tipo de negócio. “Quero acabar com o analfabetismo no país”, afirma. Para isso, ele criou, na IES 2, de Campinas (SP), um aplicativo que ensina as pessoas a ler usando o celular como plataforma. Além das aulas mobile, ele tem um sistema de gestão da aprendizagem e material de apoio digital. “Simplificando o processo, a pessoa pode estudar em casa. Em dois anos de teste, reduzimos em 50% a evasão dos alunos”, diz Poli.
Xmile Learning
Na Mistério dos Sonhos, plataforma desenvolvida por cinco empreendedores de Florianópolis (SC), as crianças entram em um ambiente virtual no qual usam a imaginação para desvendar enigmas e reforçar o que aprenderam na escola. Enquanto elas jogam, seu desempenho é medido por uma ferramenta que informa a pais e professores quais são suas habilidades e dificuldades em português, matemática e ciências. “Existe um abismo entre o mundo da escola e o da criança, que não vê significado no que aprende. É isso que nós queremos mudar”, diz Nicolas Peluffo, um dos fundadores da Xmile.
Neofuturo
Para o mineiro Messias Barbosa, a educação de qualidade é uma ferramenta poderosa para transformar a vida de jovens de baixa renda. “Professores me fizeram acreditar que era possível mudar a minha trajetória”, afirma. O problema é que muitas escolas públicas estão mal preparadas para assumir esse desafio – 40% dos diretores não sabem nem sequer qual é o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de sua unidade. Para resolver o problema, Barbosa criou, em 2009, a Neofuturo. A empresa faz um diagnóstico da situação da escola e, depois, ajuda a construir uma proposta pedagógica que melhore seus resultados, com ações como a capacitação dos professores. Em quatro anos, a Neofuturo atendeu a 40 escolas e beneficiou 1.300 docentes da região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
EvoBooks
A falta de inovação no material didático das escolas incomodava Felipe Rezende quando ele atuava como consultor em educação. “Percebi que havia muito mais potencial a explorar do que simplesmente fazer PDFs de livros. O material de ensino podia ser mais gráfico e interativo”, afirma. Assim, ele criou a EvoBooks, uma editora digital que produz livros com conteúdo em 3D, interativo, em sete disciplinas. Seus 12 títulos já foram usados por 50 mil alunos. A empresa, sediada em São Paulo, também treina os professores para aproveitar o material em suas aulas.
3Id
Especializada em fisioterapia para a terceira idade, essa startup de Brasília (DF) tinha um foco inicial no público de classe AB. “Os pacientes vêm por indicação do médico, e quem não tem condição de pagar acaba sendo privado do tratamento, que é caro por ser individualizado”, afirma Iara de Souza Cezário, uma das fundadoras da 3id. Ela e seus dois sócios criaram um modelo de circuito para trabalhar força, equilíbrio e condicionamento para melhorar a saúde de quem tem doenças crônicas e evitar acidentes como quedas por falta de reflexo. Dessa maneira, reduziram em até oito vezes o custo da fisioterapia, que agora pode ser oferecida também a idosos das classes C, D e E. “Queremos criar uma unidade para atender à população de baixa renda em Brasília no ano que vem”, diz Iara.
Incluir Tecnologia
Os empreendedores da Incluir Tecnologia, de Itajubá (MG), encontraram uma maneira de reduzir o custo do SAC para atender a clientes surdos, geralmente custoso porque requer empregar um intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais). O LibrasSAC usa uma webcam para conectar pessoas com deficiência auditiva a uma intérprete, assim as empresas pagam apenas pelo serviço. “Assim, podem se comunicar melhor com a comunidade surda, que chega a 2 milhões de pessoas no país”, afirma Fernando Freitas, cofundador da empresa. A solução rendeu um faturamento de R$ 1 milhão à Incluir. “Já fechamos contratos no valor de R$ 1 milhão para 2014”, diz Freitas.
COS Odonto
Depois de abrir uma clínica odontológica em Goiânia (GO) em 2010, o dentista Ricardo Catunda percebeu que o público que mais precisava de cuidados bucais não a frequentava. “Mais de 30 milhões de brasileiros nunca tiveram acesso a serviços odontológicos. Alguns têm medo, outros acham que é muito caro”, afirma. Ele e o irmão, Felipe, se aliaram a sete dentistas e criaram um modelo mais acessível de atendimento. A primeira consulta é gratuita e inclui radiografia, questionário e um exame clínico para definir o tratamento, que pode ser parcelado de acordo com a capacidade de pagamento do cliente. A primeira clínica da COS foi aberta em maio, em Aparecida de Goiânia, e já realizou 500 atendimentos.
Instituto Meio*
A empresa, sediada em São Paulo, oferece soluções de desenvolvimento de projetos, venda de material de construção e oferta de crédito para construção de casas para a população de baixa renda.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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