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Empreendedorismo

Bolos do tempo da vovó oferecem lucro de até R$ 23,3 mil

04/10/2013

Conhecidos como iguarias do tempo da vovó, os bolos caseiros são vistos com cada vez mais frequência nos balcões de cafeterias e docerias. Há empresas –como a Torta Maria, a Santo Bolo e a Signorina Bolos da Vovó– que apostam na produção do quitute como oportunidade de negócio.

O faturamento vai de R$ 30 mil a R$ 93,3  mil, com margem de lucro de R$ 6.600 até R$ 23,3 mil.

Com receitas simples, de ovos, farinha, manteiga, fermento e açúcar, chefs de cozinha oferecem bolos de fubá, bem-casado, brigadeiro, maracujá e limão com preços até 20% mais altos que em padarias.

Segundo os empresários, a propaganda do negócio é o cheirinho dos bolos.

Receita mineira de mãe para filha
Fundada em janeiro de 2010, a Torta Maria, de São Paulo (SP), oferece oito tipos de bolo, que são vendidos em apenas dois tamanhos: 19 cm (R$ 30) e 22 cm (R$ 37,50). Quem optar por uma fatia paga R$ 7.

Para começar o negócio, os empresários investiram R$ 180 mil. A empresa fatura R$ 93,3 mil por mês e tem um lucro médio mensal de R$ 23,3 mil.

A empresa é um projeto de Maria José Cunha Rosa, 58, que herdou o gosto pela cozinha da mãe, Maria Ribeiro da Cunha, morta em 1992. Nascida em João Monlevade (MG), a empresária administra o negócio em sociedade com o filho, Caue, 34, que trocou a profissão de vendedor de carros pela doceria.

Antes de abrir o negócio, ela e o filho administraram um restaurante para funcionários do banco Panamericano e venderam bolos na região da Avenida Paulista, no centro da capital de São Paulo.

De acordo com Caue, os segredos da cozinha mineira, guardados a sete chaves pela mãe, são a alma do negócio. "São habilidades que ela adquiriu no dia a dia e que encantam os nossos clientes", diz.

Chef troca economia pela cozinha
Com mais de mil receitas catalogadas, a economista Marieta Cardoso, 60, dona da Santo Bolo, de São Paulo (SP), nunca exerceu a profissão que planejou, pois a paixão pela cozinha a pegou desde pequena.

Cardoso trabalhou durante 20 anos com a produção de doces e salgados para aniversários e casamentos antes de investir no segmento de bolos caseiros.

Ao longo dos anos, segundo a empresária, foi pesquisando receitas e novos ingredientes e resolveu mudar o perfil do negócio. A doceria oferece 15 tipos de bolo. Os preços variam de R$ 7 a fatia a R$ 25 o bolo com peso médio 1 kg.

"Como trabalho com produtos diferenciados, a gente busca novidades pesquisando as receitas antigas e como o mercado está inovando", diz.

A empresa, que está há quase dois anos no mercado, hoje tem uma loja em São Paulo e outra em Santo André (ABC).Para começar o negócio, Cardoso diz que investiu R$ 120 mil. Atualmente, fatura R$ 30 mil por mês e tem lucro de R$ 6.600.

Irmãs homenageiam avós e tias
O cardápio da Signorina Bolos da Vovó, de São Paulo, foi montado com receitas da família das empresárias Paula Mastandréa, 45, e a irmã Eliana, 60. Para homenagear as tias e as avós que deram origem ao negócio, cada bolo do cardápio leva o nome da autora da receita.

"O bolo caseiro nos remete à infância e é impossível comermos um pedaço sem lembrar delas. Por isso, resolvemos fazer a homenagem", diz Eliana.

A empresa, aberta em novembro de 2012, oferece 18 tipos de bolo com preços de R$ 10 (para bolos comuns de 20 cm) e R$ 22 (para bolos com recheios especiais de 22 cm).Com um investimento inicial de R$ 220 mil, a empresa fatura hoje R$ 35 mil por mês e tem lucro médio de R$ 7 mil.

Para cobrar caro, produto deve ter qualidade, diz consultor
Segundo o consultor do Sebrae-SP (Serviços de Apoio à Micro e Pequena Empresa) Ruy Soares de Barros, com a fama que os bolos caseiros estão ganhando atualmente, é comum que alguns empreendedores exagerem no preço. Em docerias e cafeterias eles custam até 20% mais do que em padarias.

A medida pode prejudicar o negócio. "O produto precisa realmente valer o preço. Cobrar a mais apenas porque ele recebeu o nome de 'gourmet', por exemplo, não vai satisfazer o cliente. Ele precisa ter um sabor diferenciado que justifique o valor", diz.

De maneira geral, especialistas afirmam que a margem de lucro acima de 30% nessa área, sem que o empresário justifique o preço, pode inviabilizar o negócio. "O cliente precisa entender porque está pagando mais pelo produto", diz o consultor.

Para o consultor, uma forma de entrar neste mercado é começar a produção com pequenas quantidades e fechar parcerias com cafés para vender bolos em fatia. Com a medida, é possível ter uma margem de lucro entre 20% e 25%.

Prazo de retorno é de 12 a 36 meses
Segundo especialistas, para se manter no mercado o empreendedor deve se planejar, pois o prazo de retorno é de 12 a 36 meses. Segundo especialistas, todo o dinheiro que entra deve ser reaplicado no negócio para garantir o capital de giro.

A  consultora Luisa Mandetta, da Marcio Rodrigues e Associados, afirma que o número de empresas de bolos caseiros vem aumentando, o que significa que o consumidor possui mais opções de escolha e ainda há um mercado para ser explorado.

Mandetta diz, no entanto, que se fizermos uma comparação com outras empresas de um único produto –como temakerias ou lojas de sorvetes e iogurtes–, podemos esperar menos empresários e mais número de lojas nos próximos anos.

"As lojas que conseguirem se estabilizar terão a possibilidade de expandir via rede ou franquia, mas, com o tempo, muitas que hoje estão abrindo ou abertas não conseguirão sobreviver aos primeiros anos", diz.

De acordo com a consultora, manter a qualidade do produto e a padronização são importantes para o negócio. "A padronização é uma forma de controlar a rotatividade de funcionários, que é comum nesse mercado", diz.

Fonte: Uol

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