Esqueça os ambientes escuros, desorganizados e cheirando a mofo. Os brechós modernos comercializam roupas de marca seminovas, algumas com a etiqueta, em lojas claras, organizadas e até pela internet. É o caso do Les Amis, que tem uma loja em Guarulhos (16 km ao norte de São Paulo), e do brechó infantil Retroca, que é totalmente online.
Por mês, o Retroca fatura R$ 15 mil e Les Amis, R$ 80 mil. As lojas vendem roupas de marcas como Gap e Gap Kids, Polo Ralph Lauren, Tommy Hilfiger, Abercrombie, Zara e Zara Kids com até 85% de desconto. Ambas também compram roupas seminovas, desde que tenham aparência de novas e sejam de marcas conhecidas.
Os interessados em vender para o Retroca preenchem um cadastro no site e recebem em casa uma sacola para enviar os itens dos quais querem se desfazer. A empresa exige a quantidade mínima de 20 peças para o envio, já que paga o frete. O site tem abrangência nacional.
"Se as roupas forem aprovadas, o vendedor ganha crédito para comprar outras peças no site ou pode receber em dinheiro. As reprovadas são doadas a instituições de caridade ou devolvidas para o vendedor. Neste caso, ele terá de pagar o frete", diz Caio Sagae, 26, um dos sócios da Retroca.
O Les Amis também compra peças por lote, mas o vendedor precisa ir até o local e entregar os itens para avaliação. A compra mínima é de 25 itens de uma vez.
Donos se inspiraram em sites internacionais
O Retroca investiu R$ 100 mil para começar o negócio, em junho de 2013. Além de Sagae, outros três sócios comandam o negócio: Pedro Romi, 27, Andréia Cha, 26, e André Teves, 28. Eles afirmam que resolveram abrir o brechó online depois de conhecer lojas virtuais similares no exterior.
"Quando voltamos para o Brasil, percebemos que não havia nada parecido por aqui. Até existem blogs e lojas virtuais que revendem roupas usadas, mas todos têm atuação local e não com abrangência nacional, que é o nosso foco, por isso resolvemos investir neste nicho", declara Sagae. A loja dá desconto de até 85% nas suas peças.
A empresa acaba de receber R$ 200 mil de um investidor-anjo e aposta em marketing online, como anúncios em sites de busca e em redes sociais, além de parcerias com blogs de mães, para ficar conhecida, segundo Sagae.
Empresária começou vendendo peças do próprio guarda-roupa
O Les Amis abriu as portas em 2003, com investimento inicial de cerca de R$ 30 mil. A proprietária do brechó, Taísa Carvalho Sartor, 34, afirma que começou a comercializar roupas seminovas para colegas da faculdade de moda. "Eu vendia peças que não usava mais. Aos poucos, amigos passaram a me dar roupas para revender e abri a loja", diz.
Como está há mais tempo no mercado e possui fornecedores e clientes cativos, o Les Amis consegue atingir um faturamento de R$ 80 mil por mês, segundo Sartor. "Todos os dias, coloco cerca de 300 novos itens na loja. Tenho um estoque de mais de 8.000 itens", declara. A loja dá desconto de 30% em média nas suas peças.
Segredo do negócio é comprar bem, dizem empresários
Segundo José Carmo Vieira, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), a margem de lucro dos brechós gira em torno de 20%. "Geralmente, os brechós compram peças por cerca de 60% do valor de um item similar novo e o colocam à venda por 80% do preço de mercado, o que garante o lucro."
Se uma peça similar vale R$ 100 no mercado, por exemplo, o brechó paga em torno de R$ 60 pela seminova e a coloca à venda por R$ 80, ficando, assim, com R$ 20 de lucro.
Preconceito e falta de bons fornecedores são barreiras
O consultor do Sebrae-SP diz que ter bons fornecedores é fundamental para o sucesso do negócio. "É necessário manter relacionamento com essas pessoas, pois são elas que abastecem a loja."
Sartor diz que uma das principais dificuldades para emplacar um brechó é vencer o preconceito. "Muita gente entra na loja e, quando percebe que é um brechó, faz careta e vai embora porque acha que não precisa comprar roupa usada. Mas o fato de muitas atrizes falarem que compram roupas em brechós vem popularizando esses estabelecimentos", diz.
Para vencer essa barreira, o consultor afirma que é necessário investir no ponto de venda. "O ambiente tem de ser claro, limpo, organizado e cheiroso. Tem de ter provador, oferecer cafezinho, assim como qualquer outra loja", afirma.
Fonte: Uol
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