Dirigir um Chevrolet Camaro, um Chevrolet Corvette ou um Ford Mustang já não é um sonho tão distante para fãs de menor poder aquisitivo. Locadoras de carros de luxo oferecem passeios com preços que vão de R$ 149, 90, por 10 km rodados, a R$ 5.000 a diária.
O mercado é novo, segundo a Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Veículos). Em 2012, o segmento faturou R$ 62,3 milhões e espera crescer 30% até o final deste ano, de acordo com a entidade.
A T2A Clube, em São Paulo (SP), está no mercado há dois anos e possui uma frota própria de cinco automóveis: Chevrolet Corvette, Dodge Challenger, Mercedez SLK 200, Ford Mustang GT e, o queridinho do público, Chevrolet Camaro amarelo.
"O carro se tornou bem conhecido no filme 'Transformers' –no qual o veículo se transforma em um robô guerreiro– e depois com a música [da dupla sertaneja] Munhoz e Mariano. Por isso, ele é o mais procurado", afirma o dono da empresa, Thiago Alvarez, 27.
Um passeio de 10 km acompanhado de um instrutor e escolta na Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral, custa de R$ 149,90 a R$ 249,90, dependendo do automóvel escolhido. O valor já inclui o combustível.
A empresa também faz a intermediação da locação de outros modelos de luxo, como um Cadillac Series 62 (1960) e um Bentley Continental GTC, para gravações e casamentos. Neste caso, os automóveis são de parceiros do negócio.
O valor cobrado para este tipo de locação varia de R$ 1.295 a R$ 4.995. Para abrir a empresa, Alvarez afirma ter investido R$ 400 mil. O faturamento mensal do negócio é de R$ 50 mil.
Empresa investe em aluguel de automóveis para executivos
Já a Gratas Transportes, no Rio de Janeiro (RJ), especializou-se em atender altos executivos de grandes empresas. O cliente pode optar por carros blindados ou não e motorista bilíngue.
"O Rio tem muitas empresas e recebe muitos eventos corporativos. Notei que havia uma carência por um serviço de maior qualidade para executivos de multinacionais", declara o proprietário Humberto Bahia Pinheiro, 35.
Quando começou o negócio, em 2008, o empresário investiu R$ 200 mil na compra de dois veículos seminovos blindados: um Honda Civic e um Volvo S40.
Hoje, a empresa tem uma frota própria de 20 automóveis. Entre os sedãs estão Toyota Corolla, Ford Fusion e uma BMW 535. Nas minivans, há modelos como Volvo XC 60 e Range Rover.
O preço das diárias varia de R$ 550 a R$ 4.000 e inclui motorista e combustível. Por mês, a empresa atende, em média, 60 pedidos. O faturamento não foi divulgado.
Mercado tende a crescer, mas investimento é alto
Para o presidente do conselho nacional da Abla, Paulo Gaba Junior, o mercado de locadoras de veículos de luxo tem crescido devido ao aumento de renda da população e ao fato de que muitas empresas estão terceirizando suas frotas.
No entanto, o segmento representa apenas 1% do mercado total de locadoras de automóveis, que faturou R$ 6,23 bilhões em 2012. "A baixa participação mostra que ainda há muito potencial de crescimento para os veículos de luxo", diz.
Um dos desafios para o empresário que pretende ingressar no ramo é o alto investimento inicial. Segundo Gaba Junior, para começar o negócio com dois carros, o custo será de, no mínimo, R$ 200 mil.
"São carros importados que sofrem uma excessiva carga de impostos. Além do mais, é recomendável a blindagem do veículo para maior segurança e conforto do cliente, o que encarece ainda mais o investimento", declara.
Manutenção da frota encarece o serviço
De acordo com o professor do MBA em gestão de risco da Trevisan Escola de Negócio Claudio Gonçalves, os custos com IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), licenciamento e seguro pesam no bolso do empresário.
Além disso, caso algum carro apresente problemas, as peças para a manutenção terão de ser importadas, o que encarece o preço do serviço.
"Para conseguir manter o negócio, o empresário não tem outra saída senão repassar estes custos para o consumidor. O alto preço pode ser um obstáculo para a atração de novos clientes", afirma Gonçalves.
Depreciação em modelos de luxo é maior
Segundo o presidente do conselho nacional da Abla, a depreciação dos veículos de luxo também assusta os empresários. A queda do preço é proporcionalmente maior nos modelos premium do que nos populares.
Além disso, na hora de revender os carros para renovar a frota, Gaba Junior afirma que o mercado é bastante restrito.
"É mais difícil encontrar pessoas interessadas em modelos de luxo seminovos. O mercado de automóveis no Brasil ainda gira muito em torno dos carros populares", declara.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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