Quem já tem o próprio negócio sabe – e quem está começando não pode se deixar enganar: o caminho é difícil. É preciso ser um herói para superar os vários obstáculos na trajetória rumo à prosperidade. As dificuldades são muitas, mas há um ponto positivo: o sucesso é possível, não importa quem você seja. O paranaense Antonio Setin, 58 anos, é um exemplo disso. Começou a trabalhar em funções subalternas e hoje comanda a Setin Incorporadora, que faturou pouco mais de R$ 1 bilhão no ano passado.
Apesar de ser do Paraná, Setin veio para São Paulo bem cedo. Na periferia da capital paulista, no Parque Peruche, sua família tinha uma marcenaria. E seu primeiro trabalho foi nessa empresa. “Comecei como ajudante de marceneiro, varrendo e carregando coisas”, diz.
Com 18 anos, foi estudar arquitetura. Ao mesmo tempo, aprendeu a se relacionar com clientes e parceiros da marcenaria. O conteúdo adquirido na faculdade permitiu que ele desenvolvesse produtos mais sofisticados e, consequentemente, mais caros. Após se formar, em 1979, abriu a Setin como uma pequena construtora. “Não tinha a menor pretensão em chegar ao ponto em que estou hoje”, afirma.
Trajetória
A construtora, até meados dos anos 1980, era focada nas classes C e D e levantava apartamentos em regiões mais afastadas do centro paulistano, principalmente na zona norte de São Paulo. Entretanto, as condições econômicas não muito favoráveis corroíam o poder de compra do público-alvo. Por isso, Setin apostou em outra mudança. “Direcionamos nossa atenção para a zona sul da cidade, com empreendimentos que buscavam as classes A e B”, diz o empreendedor.
Já no meio dos anos 1990, Setin começou a investir no setor hoteleiro, especialmente em parceria com a rede Accor. A empresa começou a administrar – ou apenas construir – hotéis das bandeiras Ibis, Formule 1 (hoje Ibis Budget), Mercure, Pullman e Adagio.
Em meados da década passada, outro direcionamento: a Setin voltou a apostar no setor residencial e mudou sua atuação. Desde 2009, a Setin não é uma construtora, mas uma incorporadora. Em vez de construir um prédio, por exemplo, a empresa é responsável pela compra do terreno, pela elaboração do projeto e pela entrega do produto. As vendas e a construção ficam a cargo de prestadores de serviço contratados pela Setin. Em 2012, com a experiência positiva, a empresa decidiu continuar nesse segmento, mas voltou a atuar nos hotéis paralelamente.
Na construção de apartamentos residenciais, a Setin atua no centro de São Paulo. “Sempre pensei em empreender na região, que tem opções de mobilidade e entretenimento, mas não tem muitos moradores”, afirma. Os apartamentos do centro são bastante compactos, com áreas entre 18 m² e 40 m². “Estou em busca de um público descolado, que esteja em busca de facilidades e não queira ter um carro.” No âmbito nacional, a incorporadora também atua em cidades do interior de São Paulo e nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do país.
Em 2013, os empreendimentos geraram uma receita total de R$ 1,3 bilhão. A Setin ficou com R$ 1,005 bilhão desse valor. O restante ficou para as empresas parceiras. Para 2014, a Setin ficará com uma cota que deve variar entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.
Paixão pelo trabalho
Segundo Setin, a paixão por empreender sempre guiou sua carreira profissional, e não o dinheiro. “O retorno financeiro é consequência. Gosto muito do que faço. Agradeço por nunca ter feito algo que não me estimulasse.”
O empreendedor afirma que poderia até ter se aposentado, mas nunca cogitou essa hipótese. “Se ficasse sem trabalhar, eu morreria”, afirma.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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