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Empreendedorismo

Deixou a engenharia para investir em startups

21/08/2014

Rafael Barbosa teria tudo para seguir na engenharia, ser um empreiteiro ou dono de empresa do segmento de automação industrial, como chegou a tentar no início. Mas sua opção foi empreender e investir no ramo de startups. Ele é o fundador e proprietário da XporY.com, plataforma de compras e vendas online entre empresas e prestadores de serviço, usando moeda virtual. A ideia é simples, inovadora no Brasil e já atraiu, entre junho do ano passado e agosto deste ano, 1,4 mil cadastrados em Goiânia e Brasília. A intenção é expandir o negócio para as demais capitais no próximo ano.

O empresário se formou em Engenharia Mecatrônica na Universidade de Campinas (Unicamp). Durante o curso, morou por um tempo nos Estados Unidos como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), oportunidade que teve o contato mais expressivo com o mercado de startups. Rafael se recorda de que, na época, os norte-americanos já eram bastante envolvidos e adeptos às ideias e projetos apresentados pelos idealizadores de novas empresas e produtos. Entre esses, inclusive, já existia o modelo da plataforma de vendas e compras online, que hoje é utilizada no XporY.com.

Rafael percebeu na ideia um potencial de aplicabilidade no Brasil e guardou para si o projeto pessoal para um futuro próximo. Ao retornar ao país e concluir a faculdade, começou a trabalhar no ramo de engenharia e, com perfil nato de empreendedor, optou, inicialmente, por investir no segmento de automação industrial. “Para ser empreiteiro mesmo”, conta. No começo, o negócio foi bem, evoluiu, surgiram diversos trabalhos e interessados, mas Rafael assume: “Me deslumbrei e tomei uma ré muito grande”. Foi quando diz ter percebido que o negócio não passava de ilusão pessoal e que, talvez, valesse a pena resgatar toda a origem de startups e montar um negócio inovador.

Diversas perguntas e questionamentos pessoais surgiram na época. Até porque o Brasil ainda está avançando no mercado e está longe de se comparar ao que já era os EUA, quando Rafael morou lá. A plataforma de compras e vendas online, por meio de moeda virtual, no entanto, parecia algo promissor aos olhos do jovem empresário. Desde 2012, começou a participar mais ativamente dos encontros, das feiras de tecnologia, entrou em contato com os norte-americanos e desengavetou, de fato, o projeto que havia guardado anos atrás. “No início, foi investimento próprio. A gente mesmo que programava, na garagem, no quarto, trocando ideia pela internet com contatos dos EUA e aí começamos a desenvolver a base de divulgação”, conta.

Apesar do pouco tempo, a situação hoje é bem diferente da vivida em 2012 e 2013. Desde então, a proposta de Rafael atraiu o interesse de um investidor, algo necessário e decisivo para o sucesso de quase toda startup, e foi agraciada com incentivos do Fundo de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Esses aportes financeiros não só deram vida ao projeto, como proporcionaram fôlego e melhores mecanismos de divulgação, uma vez que a XporY.com possui dois desafios essenciais: gerar uma mudança de hábito e visão do empresariado brasileiro e atrair a maior variedade possível de segmentos de produtos e serviços para aquecer o que se convém chamar de sub-economia online.

Como funciona

O processo é pratico. A empresa, a prestadora de serviços ou o profissional liberal que está precisando passar adiante ou vender produtos de estoque e serviços parados pode fazer isso trocando por aquilo que é de seu interesse, entre o que é ofertado no site. O valor das mercadorias é avaliado na moeda virtual Brasis, que equivale ao mesmo preço do real. “É assim: adquiro o que preciso fornecendo o que tenho”, explica Rafael. Segundo ele, não se trata propriamente de uma permuta, porque isso só acontece em relações bilaterais. No caso da XporY.com, a relação é multinível, com diversos atores negociando ao mesmo tempo, o que configura uma espécie de subeconomia ou economia paralela.

Nos EUA, os sites que promovem esse tipo de relação comercial cobram valores fixos de cadastro e mensalidade, além da comissão para cada venda efetuada. A XporY.com, pelo fato de o Brasil ainda não possuir mercado aquecido nesse ramo e estar em fase de transição, optou por se abdicar das taxas fixas, cobrando apenas a comissão que gira em torno de 10% da transação efetuada. Com isso, a plataforma tem crescido exponencialmente, mês a mês, chegando ao ponto de dobrar a quantidade e valor das vendas realizadas. Em julho, o valor total movimentado no site foi de R$ 450 mil.

A variedade de cadastrados está cada vez maior. “Já tem academia, mídia, restaurante, móveis planejados, posto de gasolina, supermercado. Queremos ampliar o número de segmentos envolvidos”, afirma Rafael. Ele criou uma árvore de categorias que possui cerca de 300 segmentos de mercado e alguns deles ainda não possuem representantes no site. Ao interessado basta entrar no site (www.xpory.com) e preencher o cadastro. Não é necessário ser pessoa jurídica. A condição básica é poder oferecer algum tipo de produto ou serviço. “Tenho certeza que essa cultura vai pegar. É interessante para todos. É sustentável, evita desperdícios”, expõe.

Fonte: Sebrae

Deixou a engenharia para investir em startups
Rafael Barbosa, da XporY








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