Quando descobriu um câncer de mama, em 2008, a administradora Ana Cristina Ekerman, 44 anos, resolveu mudar seu estilo de vida. Durante o período em que fez seu primeiro tratamento, ela repensou o futuro. Em vez de seguir sua trajetória como executiva de marketing – ela trabalhou em multinacionais como a Kodak e a Sony –, Ana passou a considerar a possibilidade de se dedicar a uma atividade menos estressante e trabalhar perto de casa. “Sempre gostei de inovar, e queria continuar nesse caminho”, afirma.
A ideia para abrir sua empresa começou a germinar quando ela foi aos Estados Unidos visitar parentes em 2009. Uma de suas primas fazia meias especiais para seu filho, que tem uma deficiência que faz o pé ficar pendente. Como não havia visto esse tipo de meia no Brasil, Ana pensou em fazer uma parceria com a prima para vendê-las por aqui.
O plano inicial não deu certo, mas inspirou a administradora a abrir um negócio diferente: uma confecção de roupas fáceis de vestir para quem tem movimentos limitados devido a alguma deficiência física ou motora. “Estudando o mercado, vi que tinha um público potencial de 45 milhões de pessoas que não eram atendidas pelas confecções”, diz Ana.
Nem uma nova metástase do câncer, em 2012, desanimou a empreendedora. Depois do segundo tratamento, ela voltou à ativa e, em 2013, fundou a Adaptwear em sociedade com seu marido – a sede da empresa fica em Cotia (SP).
As peças vendidas pela marca foram criadas em parceria com uma estilista especializada em moda inclusiva para facilitar a vida de quem usa cadeira de rodas ou tem problemas de coordenação motora – como pessoas que têm mal de Parkinson ou que sofreram AVC (acidente vascular cerebral).
Blusas, camisas, vestidos e calças se abrem com velcros e zíperes especiais, mais fáceis de puxar. A calça para cadeirantes, por exemplo, tem cinto interno para não cair e pode vir equipada com um bolso interno para o coletor de urina (veja, no vídeo, como é a peça) – para as mulheres, há uma saia com shorts de elastano por baixo.
Para criar sua coleção, Ana conversou bastante com pessoas que têm diferentes deficiências e identificou suas insatisfações com as roupas que vestiam. Assim, ela pode adaptar as roupas para as necessidades desse público, mas sem descuidar das tendências de moda.“Não queria fazer roupa para ficar em casa, e sim com um estilo atraente também para o público jovem”, diz Ana.
A coleção da Adaptwear começou a ser vendida, pela internet, em janeiro deste ano. Conforme o negócio for se consolidando, a empreendedora planeja fazer parceria com canais de venda físicos. No site, a empresa vende 20 produtos, e Ana quer ampliar a linha para atender a mais gente que precisa de roupas adaptadas, como mulheres mastectomizadas e pessoas que têm nanismo. “Sei como é triste passar por uma mudança radical por causa de uma doença e continuar se sentindo bem e bonito”, diz Ana. “Nosso objetivo é ajudar essas pessoas a ter melhor qualidade de vida.”
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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