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Empreendedorismo

Empreendedorismo nas nuvens

09/10/2013

Quando um empreendedor abre o próprio negócio, ele vira o diretor de uma empresa. Mas como falta dinheiro e pessoal para ajudá-lo nas tarefas, ele vira analista de RH, secretário, diretor ou o que quer que seja necessário para que o empreendimento funcione. Uma boa parte dos empreendedores brasileiros ainda abraça uma tarefa bem complicada para leigos.

Eles viram gerentes de tecnologia da informação (TI) e tentam resolver todos os "pepinos" ligados à computação, mesmo sem saber direito o que fazer. Atuando como um "gerente de TI involuntário", o empresário prejudica a produtividade de sua empresa. No entanto, a migração das necessidades de TI de uma empresa para servidores de gigantes da tecnologia - a chamada computação em nuvem – surge com força, para levar esses gerentes de TI por necessidade à extinção e ajudar os empreendedores no que realmente importa: fazer a empresa crescer.

O conceito de computação em nuvem se refere à alocação das informações de uma empresa, sejam elas documentos, e-mails ou softwares de gestão, em um servidor externo. Dessa forma, o usuário da comunicação em nuvem precisa acessar a internet para ter acesso aos arquivos, em vez de se preocupar em ter tudo guardado em um servidor próprio. Assim, quem tem uma empresa não precisa se preocupar com a manutenção de seus arquivos. Esse trabalho fica por conta de empresas prestadoras de serviço, que cobram uma assinatura para deixar tudo em ordem.

Um exemplo prático do conceito são os provedores de e-mail. Quem tem uma conta no Gmail ou no Hotmail, por exemplo, tem todos os arquivos enviados e recebidos na sua conta. Nenhum servidor é necessário. Assim como serviços de e-mail, programas de criptografia, antivírus, hospedagem de websites e aplicativos de gestão estão à disposição das empresas.

O empreendedor que coloca seus arquivos na nuvem, além de não se preocupar com a manutenção de hardware pois tudo está na internet , tem a liberdade de acessar a informação de qualquer dispositivo, não apenas no computador da empresa. "A vantagem é que o acesso pode ser feito de qualquer computador, seja no trabalho, em casa ou no lobby de um hotel", afirma Cristina Boner, presidente do Conselho de Administração da Globalweb, empresa paulista de TI.

Neste mês, acreditando na migração dos empreendedores para a nuvem, a Globalweb lançou o Vouclicar, site que reúne aplicativos e soluções de segurança, a um preço acessível, para pequenos e médios empresários. Na plataforma, os usuários encontram aplicativos essenciais para o funcionamento do negócio, oferecidos por gigantes da tecnologia, como Microsoft, IBM e Trend Micro, e por pequenos desenvolvedores.

Gastos pela metade
Há 13 anos, o contador Antônio Perossi comanda a Plenus Contabilidade. Perossi sempre teve interesse em aprender informática. Até por isso, era ele o responsável por tudo que era ligado à TI na sua empresa. No entanto, a Plenus começou a crescer e o Fisco passou a exigir a informatização de muitos processos contábeis. A partir disso, Perossi percebeu que não dava mais para tomar conta do setor de informática da Plenus. "Comecei a contar com os serviços de um profissional de TI. Em um mês, as visitas dele ao escritório custavam cerca de R$ 1 mil aos cofres da empresa", diz Perossi.

O elevado custo fez com que, há cerca de seis meses, a Plenus começasse a usar o Office 365, da Microsoft. O pacote funciona da mesma forma que o Office convencional. A diferença é que programas como Word, Excel e Powerpoint são acessados pela internet. Uma das vantagens da plataforma é que os arquivos podem ser editados por mais de uma pessoa. Assim, um trabalho que só poderia ser feito com duas pessoas trabalhando lado a lado, pode ser feito remotamente.

A Microsoft cobra assinaturas mensais por cada usuário do Office 365 de uma empresa. Na Plenus, Perossi está gastando mais ou menos da metade do que gastava com o profissional de TI - sem contar o valor que ele pagava pelas licenças do Office convencional. "Pagando todas as licenças do Office 365, gasto cerca de US$ 250 dólares todo o mês", afirma o contador.

Para Perossi, o uso da computação em nuvem permite que o empreendedor tenha acesso a tecnologias sofisticadas mesmo sem saber muito de TI. "Com isso, perco menos tempo e posso trabalhar na parte de contabilidade da empresa."

Democratização da tecnologia
Com o objetivo de entender melhor as pequenas e médias empresas brasileiras, a Microsoft encomendou à consultoria AMI Partners um estudo sobre o setor de tecnologia das companhias. A pesquisa apontou que 35% das empresas brasileiras entregam seus serviços de TI a profissionais não especializados. Por outro lado, a AMI também afirma que um terço das empresas acena com a possibilidade de migrar para a nuvem ainda neste ano. Levando em conta que há 2,6 milhões de pequenos negócios no Brasil, o levantamento mostrou um público alvo bastante interessante para a Microsoft.

Por isso, a empresa enxerga no Brasil um de seus principais mercados de computação em nuvem. "Eu adoro trabalhar com mercados emergentes e o povo brasileiro, a capacidade que o empreendedor daqui tem de se reinventar, é algo incrível", afirma Thomas Hansen, vice-presidente global da Microsoft para pequenas e médias empresas, que esteve no Brasil na semana passada.

Para Hansen, em um passado não muito distante, os pequenos negócios tinham uma desvantagem gigantesca para as empresas maiores, com mais recursos para investir em TI. Mas agora, os serviços de comunicação em nuvem estão democratizando o acesso de todos à tecnologia sofisticada. Segundo ele, é complicado generalizar um mercado amplo como o de pequenas empresas, mas é possível afirmar que, com certeza, empreendedores que usam a computação em nuvem gastam menos dinheiro.

Bastante didático, o executivo prefere não explicar como funciona a computação em nuvem em termos técnicos. "Não importa muito que o empreendedor saiba de TI. O que realmente interessa é que ele possa desfrutar da tecnologia e guarde suas energias para saber o que domina e expandir seus negócios", afirma ele.

Segundo a pesquisa da AMI, a maior preocupação dos empreendedores brasileiros com relação à computação em nuvem diz respeito à segurança e à privacidade de suas informações. Para Hansen, a preocupação é compreensível, mas a Microsoft garante a segurança dos serviços que oferece. "Além disso, somos uma empresa grande e que gasta cifras milionárias em desenvolvimento. Qual companhia de tecnologia tem tanta preocupação com o mercado de pequenos e médios negócios?", diz ele.

No ano passado, o desempenho do Office 365 justificou o foco da Microsoft no Brasil: houve alta de 150% nas vendas. Para os próximos 12 meses, as expectativas continuam boas. "Estamos muito otimistas. Acreditamos na manutenção de um crescimento na casa dos três dígitos", afirma Hansen.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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