Altos e baixos. A vida é assim. Está cheia dela. São conclusões de filosofia rasa de botequim, mas que pode ser útil, se levada racionalmente em conta na hora de dirigir a vida.
Nos aspectos empregatícios, de remuneração, nas empresas, na vida pessoal há altos e baixos. Se analisarmos um horizonte temporal mais amplo veremos que muita coisa é cíclica. Poucas vezes tudo é ruim ou tudo é sempre bom.
Tomando isso como uma verdade, mesmo que relativa, conclui-se que as crises (quando um conjunto de aspectos afetam negativamente nossa vida) obviamente também obedecem essa lógica. Do contrário seria estabilidade eterna, algo impensável no mundo dinâmico em que vivemos.
Quando o assunto é crise, como agora, os aspectos financeiros são sempre os que mais se destacam. Na prática, embora haja muitas outras características, crise é quase sinônimo de falta de dinheiro, tanto para o governo como para as pessoas.
Nesse sentido, o que precisamos saber e fazer para que elas não nos afetem tão intensamente? Essa é a pergunta que vale um milhão de dólares e obviamente não existe resposta pronta. Mas mesmo assim, creio que pelo menos um aspecto deve fazer parte da resposta.
Embora tenha resultados imediatos e de médio prazo, ela se aplica e se completa no longo prazo e requer mais que vontade, diz respeito sobre nossa formação, tanto escolar como familiar.
A palavra-chave é empreendedorismo. Sim, isso mesmo. Creio piamente que impregnar o mundo com o vírus do empreendedorismo seria uma grande estratégia de fazer frente às crises e tornar as pessoas mais capazes. Há exemplos irrepreensíveis nesse sentido mundo afora.
Fundamentalmente o empreendedorismo serviria para proteger as pessoas, lhes emprestando melhores características pessoais de negócio. Aliás, só isso (emprestar filosofia de negócio) às pessoas já as faria mais cientes, dinâmicas, negociadoras, precavidas e gestoras também da vida pessoal.
Mas nesse aspecto o dever necessita ser compartilhado entre a família e a escola. Contudo, no primeiro momento, para dar a virada, as escolas tem um papel fundamental nisso (desde o maternal até a faculdade), já que nem todos os pais possuem características empreendedoras ou emprestam conhecimentos e experiência sobre isso.
O papel que os pais têm e muitos deixam a desejar é bastante conhecido, mas merece um artigo a parte. Nessa questão do ensino de negócios especificamente a maioria das escolas deixa a desejar. Precisamos entender que, acima de tudo, as escolas precisam auxiliar os pais a tornar os filhos mais capazes de enfrentar a vida como ela é (parafraseando Nelson Rodrigues). E isso significa, dentre outras questões, saber enfrentar as crises que virão ao longo da vida.
Tem-se observado um conjunto de iniciativas sobre o tema empreendedorismo nas escolas e mais recentemente tornou-se um tema curricular obrigatório deixando de preparar o aluno apenas para ser empregado. Mesmo assim, muitas não sabem lidar com isso. Há medo por parte da direção e professores, que assim como a maioria da população não têm experiência e por isso parecem querer se esquivar dessa nova responsabilidade.
A percepção é de que é mais fácil colocar o aluno numa forma, num padrão de ensino-aprendizagem, com rigor metodológico clássico e por isso menos afeito a desafios também para os pais e professores, do que incentivar a dinamicidade, como o mundo funciona lá fora.
Toda escola sofre com esse problema, inclusive as universidades que tentam muitas vezes recuperar algo que deveria ter sido ensinado e estimulado lá no maternal até o primeiro grau, aprimorado no segundo e profissionalizado na faculdade.
O velho dilema de que emprendedorismo é nato ou pode ser ensinado, já caiu por terra. Hoje se sabe que quase tudo pode ser ensinado e aprimorado. Assim, percebo com frequência que muitas crianças, principalmente as que já nascem com o bom vírus incubado são cerceadas já na fase do primário, quando seria o momento mais adequado para estimulá-lo.
O que dizer dos que não nascem com ele ou não tem ninguém em casa para que pensem diferente? Certamente serão criadas para se tornarem empregados de rotina. Os países que concorrem conosco agradecem.
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