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Empreendedorismo

Entidade transforma inventor em empreendedor

25/02/2014

Muitos brasileiros têm uma característica: a de inventar soluções para coisas do cotidiano. Foi assim, por exemplo, que nasceu o escorredor de arroz, criado pela dentista Therezinha Zorowich, em 1959, e o BINA, o identificador de chamadas, de Nélio José Nicolai, na década de 1980. Mas muitas pessoas, por vergonha de serem taxadas de “inventores malucos” ou por falta de conhecimento, deixam seus inventos de lado, renegados a um canto da casa, e perdem a chance de empreender – e, quem sabe, ganhar um dinheiro e reconhecimento.

Nos corredores da Feira do Empreendedor, evento organizado pelo Sebrae-SP, um dos estandes que mais chamam a atenção é justamente o de uma entidade, a Associação Nacional dos Inventores, que visa ajudar pessoas criativas a virarem empreendedores. E o local não fica cheio só porque tem um monte de produtos diferentes e inovadores, como uma cama para cães e uma hélice para energia eólica portátil.

“Essa fila em frente ao estande é de gente que tem uma boa ideia, mas morre de vergonha de comentar com amigos ou mesmo mostrar para os familiares”, diz Daniela Mazzei, 25 anos, diretora da Associação Nacional dos Inventores. “Nossa missão é acabar com esse problema, que inibe nosso potencial inovador.”

Quem vai ao estande da entidade, chega tímido. Mas em minutos, a timidez dá lugar a sorrisos e a uma pergunta atrás da outra. Há uma razão: por mais absurdo que seja o invento apresentado, o pessoal da associação escuta cada detalhe e puxa assunto para entender qual é o potencial do produto. “A conversa é franca. E, às vezes, a gente dá retorno negativo”, diz. “Mesmo assim o inventor vai embora feliz, porque sai com informação para melhorar seu produto”, diz Daniela.

A maioria dos produtos que chega à entidade é rejeitada. De acordo com Marcela, das cerca de 360 inovações que são apresentadas anualmente, somente 15% conseguem ir para o mercado. “Muito invento já existe ou está patenteado”, diz Daniela. “Então, concentramos os esforços naquilo que é inédito, com potencial de mercado, que precisa de poucos ajustes e conta com tecnologia para ser feito em pouco tempo.”

Criada há mais de 25 anos pelo pai de Daniela, Carlos Mazzei, 51 anos, a Associação Nacional de inventores oferece uma consultoria completa para quem consegue convencer que seu produto é promissor. Daniela explica que a entidade oferece 20 profissionais para ajudar, entre eles um advogado para auxiliar no processo de patente e profissionais capacitados para buscar parceiros, elaborar planos de negócios e de publicidade. “A gente participa e colabora em todos os processos”, afirma Daniela. “E o inventor, no final do processo, vira empreendedor.”

O inventor escolhido fecha uma parceria de um ano com a entidade, mais ou menos o tempo para o produto chegar ao mercado. Daniela explica ainda que há um custo inicial pelo apoio da associação, cujo valor é negociável pelo potencial do invento. Caso ele dê certo e for vendido para uma empresa, a Associação Nacional dos Inventores fica com cerca de 20% do valor. “Mas, se o processo falhar, a gente fica com o prejuízo”, afirma.

Nesse processo, o maior desafio da entidade é fazer o inventor acreditar que a história pode dar certo. E, depois de um tempo, convencer de que ele não ficará rico. “O dinheiro que entra depende muito do potencial do invento, mas a grande maioria não fica rico. Ganha um dinheiro bom para ajudar no sustento”, diz.

O perfil do inventor-empreendedor
Do trabalho da Associação Nacional dos Inventores já surgiram milhares de inovações nas mais diversas áreas (confira uma lista aqui). E esses inventos, contrariando o pensamento sexista, não são apenas de homens. “Quase 40% dos inventos foram feitos por mulheres”, afirma.

E não importa se é homem ou mulher, o inventor-empreendedor brasileiro é observador com os problemas do dia a dia, tem uma educação mediana e uma aptidão natural para resolver problemas. “Existem muitos engenheiros no meio, mas eles não são maioria”, afirma.

Segundo Daniela, a entidade deseja que o país se transforme, em alguns anos, numa grande potência empreendedora. E pede para que todo mundo que tem um bom invento procure apoio e deixe a vergonha de lado. “A vergonha, como outros problemas, nos impede de colocar o Brasil na vanguarda científica.”

Fonte:Pequenas Empresas  Grandes Negócios

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