Para dar uma ocupação ao pai desempregado e ajudá-lo a combater a depressão, o economista Rubens Augusto Junior, 55, criou a Patroni Pizza, em 1984. O desemprego do pai e a vontade de ajudar a família a melhorar de vida também motivaram Karin Cristina Bolognino, 32, a abrir a escola de cursos profissionalizantes Up Center, em 2010.
Atualmente, a rede Patroni Pizza tem 169 unidades e um faturamento anual de R$ 319 milhões, segundo o empresário, e a Up Center tem três lojas próprias, que faturaram R$ 5,3 milhões no ano passado.
A rede de escolas, que também virou franquia em junho de 2013, tem três unidades franqueadas e sete em processo de implantação. Cada uma gera um faturamento mensal médio de R$ 105 mil.
Augusto Junior diz que o pai chegou a sofrer um infarto e que o médico disse que o problema era a falta de uma atividade. Naquela época, ele diz, era difícil conseguir trabalho, especialmente pessoas com mais de 50 anos, caso de seu pai.
"Juntei minhas economias e chamei dois cunhados para serem sócios de uma pequena pizzaria no bairro do Paraíso, em São Paulo (SP). Na época, não havia tantas pizzarias delivery, nem o termo era utilizado. Ficamos conhecidos por fazer entrega em domicílio", declara.
O pai ficava à frente do negócio, acompanhando a operação e coordenando os entregadores. Algum tempo depois, Augusto Junior comprou as cotas de um dos sócios e deu ao pai, como retribuição pelo trabalho.
Em 1988, foi aberta a segunda unidade da rede e, em 1992, a terceira, com um salão para refeições no local e rodízio de pizza. Em 1997, meses antes de abrir a primeira unidade em um shopping center, o pai de Augusto Junior morreu. Praticamente um mês depois, o outro sócio do empresário também faleceu.
"A pizzaria deu ao meu pai uma grande alegria. Ele morreu aos 70 anos feliz e trabalhando", diz.
O economista, então, resolveu deixar o emprego fixo e se dedicar à Patroni Pizza, que continuou crescendo. Em 2003, com nove lojas próprias, o negócio virou franquia.
Com visão de negócio, filha abriu escola para o pai gerenciar
O pai de Karin Cristina Bolognino perdeu o cargo de gerente comercial quando ela ainda era adolescente. Por este motivo, aos 16, ela começou a cuidar de crianças na vizinhança. O pai nunca mais conseguiu um emprego num cargo semelhante e virou vendedor ambulante de sorvete.
Depois de algum tempo, Bolognino conseguiu trabalho numa escola infantil e, de lá, foi para uma escola de cursos profissionalizantes. Neste emprego, ela passou por todos os departamentos, chegando à gerência, e diz que conseguiu ter uma visão ampla do negócio.
Após a morte dos avós, em 2010, a família vendeu o imóvel que pertencia a eles e o pai deu a ela o dinheiro referente à sua parte, cerca de R$ 75 mil, para que ela realizasse o sonho de montar o negócio próprio, com a experiência que já tinha adquirido anteriormente.
Para Bolognino, era a chance de dar um trabalho fixo para o pai. Com algumas economias e mais dois sócios, ela investiu em torno de R$ 100 mil para inaugurar a primeira unidade da Up Center na vila Formosa, zona leste de São Paulo.
"O negócio deu certo. Oferecemos cursos profissionalizantes a preços acessíveis, para quem não pode pagar uma faculdade. No mesmo ano, abrimos a segunda unidade em São Bernardo do Campo."
Bolognino diz que o pai e a irmã a ajudam a administrar o negócio, que virou franquia em junho de 2013. "O meu pai trabalha todos os dias e está muito feliz e motivado. A maioria das pessoas sonha em ter o negócio próprio e é muito compensador ver como ele se dedica", afirma.
Professor diz que é importante se preparar para administrar a empresa
Dalton Viesti, professor do curso de administração da Trevisan Escola de Negócios, diz que abrir um negócio próprio é uma alternativa ao desemprego há muito tempo, mas que não basta ter dinheiro para investir, é necessário se preparar.
"Geralmente, as pessoas procuram empreender em áreas que já conhecem e têm alguma experiência. Isso é importante, mas também é preciso considerar a gestão do negócio, principalmente financeira. Muitas empresas fecham por dificuldades no fluxo de caixa, no estoque etc. O ideal é procurar cursos para suprir essa carência", afirma.
Fonte: Uol
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