Vender doces na janela do próprio quarto foi a maneira que a artista plástica Iara Battoni, 27, encontrou para ter o sonhado negócio próprio em Amparo (133 km a norte de São Paulo). A ideia da Janela da Namoradeira surgiu enquanto ela reformava seu quarto na casa dos pais, em julho de 2012.
O nome foi inspirado nas esculturas de mulheres em janelas. "Era época do festival de inverno da cidade. Minha janela dá para uma das avenidas mais movimentadas e eu quis aproveitar para conseguir um dinheiro extra com a venda de chocolate quente", diz Battoni.
Ela usou tintas que tinha em casa para fazer painéis decorativos para a janela, comprou matéria-prima para o chocolate quente e, quatro dias depois, a janela estava aberta. A iniciativa deveria durar apenas 15 dias, até o fim do festival de inverno, mas o sucesso foi tão grande que ela resolveu continuar e formalizar o negócio.
Ela se inscreveu como microempreendedora individual e conseguiu as licenças necessárias, inclusive sanitárias, para fazer os doces na própria casa. A dificuldade, segundo Battoni, foi convencer a prefeitura a deixá-la manter a comercialização pela janela.
"Na prefeitura, eles queriam que eu abrisse uma loja, mas consegui mostrar a eles que o diferencial era a janela e mantive o modelo de negócio", afirma.
Ela ampliou a oferta de produtos e hoje vende doces como palha italiana, que é o carro-chefe e custa R$ 3,50, brigadeiro (a partir de R$ 3), cupcake (R$ 6,50), pão de mel (R$ 4,30), chocolate quente no inverno e chocolate gelado no verão (a partir de R$ 5).
Há, também, estrogonofe de nozes e de negresco, que são feitos com mousse de chocolate, bombons e nozes ou biscoitos picados, ao preço de R$ 7,50.
A Janela da Namoradeira abre de quinta a domingo, das 15h às 19h. Em datas comemorativas, ela muda a decoração da janela e faz promoções e kits de doces para presente. A visibilidade que ganhou na cidade fez com que Battoni passasse a fornecer doces, também, para uma cafeteria e uma floricultura da cidade.
Ela não divulga o faturamento, mas diz que a meta é chegar aos R$ 5.000 por mês ainda no primeiro semestre de 2014. "Quero reinvestir e ampliar o negócio. Estou estudando o modelo de franquias para crescer. Também pretendo contratar um funcionário, pois, atualmente, cuido de tudo sozinha", declara.
Insegurança pode atrapalhar expansão do negócio em cidades grandes
José Balian, coordenador da incubadora de negócios da ESPM, diz que a ideia é criativa e interessante por exigir baixo investimento inicial.
"Por estar na janela de casa, ela não precisa investir muito em ponto de venda, não precisa pagar mais um aluguel e condomínio, por exemplo. Por cuidar de tudo sozinha, ela também não tem gastos com funcionários", diz.
Por outro lado, isso limita o crescimento do negócio, segundo Balian. Ele afirma que a empreendedora precisa estudar a questão legal –do comércio na janela– antes de abrir novos pontos de venda, sejam eles franquias ou não.
"Existem leis relacionadas à arquitetura e à segurança do ponto de venda, o que pode impedir a abertura de outras unidades em cidades diferentes. Além disso, em capitais como São Paulo, onde a insegurança é grande, o negócio pode ser inviável. Ela pode estudar a possibilidade de quiosques, por exemplo."
Outro cuidado em relação à expansão, segundo Balian, é com a qualidade dos produtos. Ele diz que o ideal é que seja montada um mini-fábrica para que a produção fique centralizada, mantendo as características originais e a qualidade dos doces.
Fonte: Uol
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