Parecia que não ia dar certo. Mas a Copa do Mundo no Brasil animou tanto a torcida que os produtos feitos em homenagem ao país têm rendido faturamento até 30% maior para pequenas empresas. "Acho que houve um cenário pré Copa bem polarizado. Algumas empresas que acreditavam e outras nem tanto no projeto. O que a gente percebe com a Copa acontecendo é que, até por uma questão da cultura, de se mostrar mais aberto às oportunidades, já mudou um pouco o clima e ficou mais otimista e positivo", explica Cynthia Serva, coordenadora do Centro de Empreendedorismo e Inovação do Insper.
Com várias restrições de uso de marcas como Copa e Fifa, a saída mais buscada pelos empreendedores foi mesmo aproveitar as cores do Brasil para entrar no clima da Copa. "A Copa tem contribuído para o fortalecimento da marca Brasil. As empresas que investiram na marca ou nas cores do país fizeram uma boa escolha", diz Cynthia.
É o caso da Bolos da Cecília. Criada há apenas seis meses, a empresa espera faturar 30% mais com o “bolão” especial da Copa. “O bolão da Copa é um naked cake, mas decorado com as cores do Brasil”, conta Fernando Mattos, um dos sete investidores da marca.
Segundo Mattos, o aumento no faturamento só será possível porque o bolo especial tem um ticket médio maior. “A gente trabalha com bolos que vão de 15 a 20 reais. O naked cake é recheado e tem um ticket mais alto, de 38 reais. A gente está prevendo um aumento no faturamento de 25% a 30%”, conta. Mais de 50 bolos são vendidos na véspera dos jogos do Brasil.
A franquia Coxinha du Chef também não deixou passar em branco a competição no país. A empresa criou um quitute verde e amarelo, com massa de espinafre e recheio de queijo cheddar. “A gente vende a coxinha dentro de um cone que depois vira uma corneta. A expectativa é de aumentar as vendas em 30%”, diz Renato Iarussi, um dos proprietários da rede, que tem oito unidades em operação.
A coxinha versão Copa foi lançada dois dias antes da abertura da competição e ficará no cardápio até 10 de agosto. A expectativa é chegar a 8 mil cones vendidos na rede só no primeiro mês. Cada cone tem 12 unidades e custa 4 reais. “Não fizemos muito investimento. Foi mais uma adaptação do produto que já tivemos”, diz Iarussi.
Quem também adaptou seus produtos para agradar ao paladar do torcedor foi a Maria Pimentas. O empresário Greg-Aparecido João da Silva, dono da empresa de São Paulo, lançou uma linha especial de pimentas: a Brasil, amarela e de sabor picante, e a Amazonas, do tipo malagueta verde suave. “A Copa veio desacreditada e ninguém queria saber. Quando o Brasil começou a ganhar, todo mundo começou a acreditar mais e comprar mais”, afirma Silva.
O empresário explica que os produtos expostos em açougues e padarias têm tido o melhor resultado. “O pessoal acaba comprando a pimenta também onde há itens ligados a churrasco e cerveja”, diz.
Foram produzidos 2500 kits que são vendidos a 10 reais cada. Parte da produção está sendo usada também em uma ação de marketing da empresa. “Nós fizemos uma parceria com as salas vip do American Express em aeroportos e os kits estão sendo distribuídos aos clientes na hora do jogo”, explica Silva. Até hoje, só 900 kits ainda não tinham sido vendidos. “A gente acredita em 15% de crescimento no faturamento. Além disso, a pimenta amarela acabou entrando em linha porque todo mundo adorou”, explica.
Para que as vendas de fato continuem em alta, os empresários fazem figa para que a seleção brasileira vença os próximos jogos. “Se o Brasil for bem, no outro dia já inflama e tem mais pedidos. Como é um produto personalizado, fizemos uma quantidade menor porque se houvesse algum problema não teria como aproveitar depois da Copa”, diz Silva.
Mattos também torce para que a seleção continue vencendo. A cada jogo, os pedidos por produtos em verde e amarelo aumentam. “Se o Brasil for eliminado, vamos ter que pensar em outras cores”, brinca.
Fonte: Exame
Voltar | Índice de Empreendedorismo |