O empresário Eder Dias chegou a fechar as portas da sua loja multimarcas Clube Vintage, de artigos decorativos e de design, na rua Augusta, região central de São Paulo. Mas conseguiu recuperar a empresa quando decidiu reabrir o espaço como galeria colaborativa, onde artesãos expõem seus produtos em boxes, como roupas, acessórios, entre outros itens.
A mudança ocorreu em maio. "Cheguei a fechar a loja durante 15 dias para decidir o que fazer. Foi quando lembrei que vários artesãos e microempresários me procuravam para perguntar se poderiam vender seus produtos lá. Daí eu tive a ideia de transformar a loja em galeria."
Antes, o negócio faturava R$ 50 mil mensais em média, mas a receita não era suficiente para manter os custos da loja, e o caixa operava no negativo. Em junho, um mês depois da mudança, o negócio já começou a faturar R$ 80 mil por mês (alta de 60%). Quatro meses depois, atingiu R$ 120 mil mensais, um crescimento de 140%. O lucro não foi informado.
Hoje, o Clube Vintage tem 80 expositores. "Temos fila de espera de artesãos que querem colocar o seu produto." No local há, ainda, um café, um espaço para eventos e um estúdio onde os expositores podem produzir material de divulgação.
O preço dos boxes vai de R$ 200 (espaço de 50 cm por 1,20 metro) a R$ 1.400 (2 m por 2 m). É cobrada ainda uma taxa fixa de 20% em cima das vendas para cobrir custos administrativos (vendedores, taxa de cartão de crédito, manutenção do espaço). O contrato dos expositores dura três meses.
A grande virada do negócio foi possível porque, hoje, a galeria não precisa mais investir na compra de produtos para revenda, correndo o risco de encalhe. O investimento nos itens para manter as prateleiras cheias é de cada artesão. O negócio ainda oferece espaço para armazenamento de produtos, como serviço extra para os expositores que precisam estocar a produção.
Artesã fatura R$ 45 mil vendendo em espaços colaborativos
A artesã Lucia Secio expõe suas bolsas, acessórios chapéus apenas em espaços colaborativos: suas peças estão nas galerias De Tudo um Pouco, na região central de São Paulo, e na Como Assim?!, em Pinheiros. Além desses dois pontos, ela também tem estande na feira realizada semanalmente no Shopping Center 3, na região central de São Paulo e na Lapa, Zona Oeste.
"Eu procuro estar onde o público alternativo circula. Já tentei abrir uma loja nos Jardins (região nobre de São Paulo), mas o negócio não vingou."
Ela diz que paga R$ 500 o m² na De Tudo um Pouco. Na Como Assim?!, paga cerca de R$ 300 o m² e, no Shopping Center 3, a diária sai a partir de R$ 350. Esses preços, segundo ela, não são fixos e variam de acordo com o tempo que o artesão expõe.
Somando os quatro espaços, ela diz que tem um faturamento médio mensal de R$ 45 mil. O lucro não foi informado. As peças mais baratas que ela comercializa (porta níquel e faixa para o cabelo) custam R$ 10. As mais caras são uma mochila e uma bolsa grande para bebês, por R$ 160. O produto que mais sai é a mochila.
Ponto e expositores devem ser avaliados, diz consultora
De acordo com Beatriz Micheletto, consultora do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), as galerias colaborativas são vantajosas tanto para quem abre o espaço como para quem expõe. "Muitos microempresários querem testar o produto antes de investir na abertura de uma loja, por exemplo. Este é o melhor espaço para fazer isso."
Para ela, a diversidade de produtos desses locais atrai muitos clientes. "Mas é preciso estudar bem o ponto e o público que transita na região para ver se haverá ou não aceitação." Segundo a especialista, antes de abrir uma galeria é preciso criar uma boa rede de contatos com artesãos para conseguir comercializar bons produtos e, de preferência, já conhecido pelo público da região.
Onde encontrar:
Clube Vintage: Rua Augusta, 2.664.
De Tudo um Pouco: Rua Augusta, 1.408.
Fonte: UOL
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