As mulheres empreendedoras estão cada vez mais presentes em um espaço antes dominado por homens. Apesar das merecidas conquistas, o caminho rumo ao sucesso é difícil. Quando o assunto é tecnologia, a situação é ainda mais complicada. São poucas as meninas que desenvolvem aplicativos ou trabalham com TI. Para mudar esse cenário, uma iniciativa feita de jovens para jovens está estimulando o acesso feminino ao empreendedorismo digital: o Technovation. Além do aspecto inclusivo, o projeto ajuda as meninas a resolver problemas sociais com seus negócios.
O Technovation surgiu nos Estados Unidos em 2010 e é liderado pela ONG Iridescent Learning. Atualmente, a iniciativa atua em todos os continentes e é dividida em dois estágios principais: o primeiro é feito, no mundo todo, com meninas empreendedoras de 10 a 23 anos. Por 12 semanas, elas recebem a ajuda necessária para transformar uma ideia em um protótipo. Na segunda etapa, chamada de Technovation Challenge, os 10 melhores trabalhos do mundo vão aos EUA e disputam prêmios.
O Technovation está no Brasil desde o ano passado, trazido pela designer Hellem Pedroso, 21 anos. Ela conheceu a iniciativa enquanto esteve nos EUA, participando do programa Ciência Sem Fronteiras. Ela havia sido escalada para atuar em um projeto de capacitação de empreendedores que era coliderado pela ThoughtWorks, empresa em que estagiava. Mas o desenvolvimento da ação foi postergado e Hellem tinha um pouco de tempo livre. "Uma das minhas colegas, a Mariana [Rutigliano], que atuava como mentora do Technovation, viu que eu estava disponível e me convidou para ajudar a equipe vencedora do Technovation Challenge do ano passado", afirma. Com a contribuição de Hellem, o Arrive, voltado para o check-in de alunos em escolas, deixou de ser um protótipo e se transformou em um negócio de verdade.
Hellem voltou para o Brasil em agosto de 2013, apaixonada pela ideia e determinada a trazer o Technovation para cá. Por intermédio de Mariana, conheceu Camila Achutti, 22 anos, outra que ficou encantada com a possibilidade de transformar meninas em empreendedoras sociais. As duas, que ocupam a diretoria nacional do Technovation, recebem a ajuda de outras 15 pessoas, espalhadas pelo país.
O próximo passo era difundir a ideia. Para isso, o pessoal do Technovation Brasil gastou muita sola de sapato. Visitaram escolas públicas e conversaram com empresários e especialistas em empreendedorismo. "Construímos uma rede muito rica de contatos e começamos a recrutar as meninas", afirma Hellem. Em questão de meses, o Technovation Brasil conseguiu 74 projetos, com quatro ou cinco meninas por grupo.
Nesta semana, foi realizado o primeiro evento em território nacional: o Santos Pitch, que reuniu na cidade litorânea as 10 melhores equipes do estado de São Paulo. Os times apresentaram seus aplicativos para um painel de especialistas.
Agora, a rede está espera a seleção para o Technovation Challenge, que ocorre no mês que vem no Vale do Silício. Os times brasileiros concorrem com ideias de toda a América Latina – apenas um time da região será um dos 10 finalistas e são os americanos que fazem a escolha final. "Por conta do nosso trabalho e da nossa relevância entre os países, acreditamos que a possibilidade de mandarmos uma equipe brasileira é grande", diz Hellem.
O próximo plano do Technovation Brasil é realizar um evento nacional, com todos os times selecionados. "Nosso primeiro objetivo era reunir as meninas antes da final nos EUA, mas não conseguimos dar continuidade ao projeto por dificuldades com patrocínio. No entanto, se tudo der certo, nosso plano é trazer todo mundo para São Paulo em setembro", afirma Hellem.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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