Criar algo novo nem sempre é tão fácil quanto pode parecer numa conversa com empreendedores empolgados. Para inovar e escapar das ideias mais recorrentes que já estão em execução, vale a pena investir em setores menos explorados, como é o caso da área de saúde. Conheça empresas nascentes que decidiram apostar no setor e foram selecionadas para participar da Campus Party 2014:
On Laboral: exercícios de ginástica na tela do computador
Nem todo mundo é muito fã de fazer ginástica laboral junto com os colegas no ambiente de trabalho. A On Laboral, formada por profissionais de tecnologia, publicidade, saúde e recursos humanos, quer ser uma alternativa para que as empresas ofereçam esse benefício aos funcionários de forma mais atraente. Com o modelo da On Laboral, as pessoas podem fazer seus exercícios em frente ao computador. De hora em hora, uma notificação surge na tela indicando que chegou o momento de fazer uma pausa e realizar uma sessão de alongamento.
Validados por profissionais de educação física, os exercícios visam reduzir a incidência de afastamentos por problemas de saúde e aumentar o desempenho e a qualidade de vida dos funcionários. Juliani Pavani, CEO da startup, explica que uma webcam ajuda a checar a execução dos exercícios físicos, fornecendo relatórios para a empresa. Quando fazem os exercícios, os funcionários somam pontos, que podem ser trocados por brindes e prêmios. A empresa paga pelo serviço de acordo com o número de funcionários que usam a ferramenta.
A startup foi fundada em 2009, quando o publicitário Magnum Cândido participou de uma semana voltada à saúde na empresa onde trabalhava e escutou um fisioterapeuta dizer que era muito difícil atrair as pessoas para sessões de ginástica laboral. No problema, Cândido encontrou uma oportunidade. A On Laboral começou a operar em 2011, atendendo os estados do Paraná e do Espírito Santo, e desde então, teve seu modelo de negócios testado por três empresas. A expectativa é de que a versão comercial da ferramenta esteja disponível em abril. O grupo está à procura de investidores na Campus Party 2014 e espera atrair também novos clientes.
Reduk: aplicativo de nutrição assistida
De olho na área de nutrição, a Reduk quer diminuir a distância entre nutricionistas e pacientes. A ideia é que o contato mútuo seja facilitado por um aplicativo de acompanhamento das instruções enviadas pelo profissional da saúde. Assim, o paciente terá acesso, por exemplo, a um plano com a dieta recomendada e a prescrição de exercícios físicos regulares.
Usando o aplicativo em conjunto com o nutricionista, o paciente pode checar os itens que cumpriu (relacionados à alimentação, hidratação ou prática de exercícios físicos) e enviar alertas caso apresente respostas inesperadas ao tratamento, como a perda de peso excessiva ou muito lenta. O objetivo é estreitar o contato entre as partes, que geralmente é reduzido pela falta de tempo e pela indisponibilidade para agendar consultas presenciais. O uso do app pode tornar as respostas ao tratamento mais rápidas e efetivas.
O fundador da Reduk, David Correia, é analista de sistemas e conta que a empresa não pretende repassar os custos de uso da ferramenta para os pacientes, mas para os nutricionistas, que assim podem ter mais um diferencial em seu trabalho. Dessa maneira, ficaria a cargo do profissional organizar a agenda para dar atenção especial aos pacientes e planejar-se quanto ao custo de uso do aplicativo. O custo mensal deverá ser de R$ 19,90 para cada 20 pacientes e haverá planos personalizados.
Ele e a equipe formada por uma psicóloga e uma publicitária pretendem apresentar o produto para planos de saúde e alcançar redes de profissionais que acreditem que o uso do app melhora a qualidade dos serviços prestados a seus clientes. O lançamento oficial do produto deve acontecer em março, em evento da área médica realizado no Espírito Santo, onde a startup surgiu.
Neuro Games: linguagem dos jogos atrelada a tratamentos de reabilitação
Do meio acadêmico para o mercado: esse foi o caminho percorrido pela Neuro Games. A empresa, fundada pelo psicólogo Thiago Rivero, surgiu de uma iniciativa voltada à pesquisa, que funciona até hoje a partir do desenvolvimento e da replicação de artigos científicos sobre o papel dos jogos usados para testes e diagnósticos (chamados de jogos sérios).
Criados para auxiliar a área médica, os jogos sérios visam promover de maneira lúdica soluções para o diagnóstico e tratamento de doenças e deficiências. Até agora, a Neuro Games já desenvolveu quatro jogos específicos para testar respostas sobre o tempo de reação, foco e atenção dos pacientes.
A ferramenta é usada por profissional capacitado, que avalia os relatórios produzidos ao final da experiência. No site da empresa é possível ter acesso a uma versão simplificada dos jogos apresentados aos pacientes.
Atualmente, o negócio recebe aporte financeiro de órgãos de pesquisa, mas pretende vender licenças para que empresas, escolas e instituições governamentais possam usar a tecnologia aplicada à área médica.
De acordo com Juliano Tavares, designer de games formado em gestão de recursos humanos, “o setor da saúde apresenta grandes oportunidades para o empreendedor que quer ser reconhecido no mercado”. Mas ele pondera que “conciliar a realidade virtual com os resultados científicos que se espera na área médica ainda é um desafio para pequenas e médias empresas”. Como profissional que partiu do meio acadêmico para o mercado, ele diz que vale a pena validar modelos e entrar em contato com profissionais qualificados antes de investir no setor.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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