As grandes cidades, décadas atrás, tinham muitas tabacarias. Era nesses estabelecimentos que o cliente encontrava cigarros, charutos e fumo para cachimbos. Atualmente, pela diminuição do consumo do tabaco, não é tão fácil encontrar esse tipo de local.
No entanto, há um tipo de tabacaria que está em expansão: as tabacarias "contemporâneas", ou headshops. Em vez de focar na venda de substâncias, elas são especializadas em produtos que aprimoram a experiência do consumo. Uma delas é a Ultra 420.
Criada em 1996, a loja é pioneira no mercado de headshops. Atualmente, a Ultra tem duas unidades – em São Paulo e no Rio –, está abrindo a terceira, em Niterói (RJ) e já começa a traçar uma expansão maior por meio do sistema de franquias.
A Ultra 420 foi fundada pelo paulistano Alexandre Perroud, 45 anos. O empreendedor foi criado em um ambiente bastante diferente da administração de uma tabacaria. A família de Perroud comanda, há algumas décadas, uma metalúrgica, e ele foi guiado desde cedo para assumir os negócios. Só que nos anos 1990, viagens aos Estados Unidos e à Amsterdã, na Holanda, mudaram seu destino. "Conheci o mercado de produtos para fumo e percebi que estava diante de uma boa oportunidade de negócio no Brasil", afirma. Em 1994, começou a importar artigos dos EUA e a expor as novidades no Mercado Mundo Mix, feira itinerante que projetou nomes de destaque da moda nacional, como Alexandre Herchcovitch e Marcelo Sommer.
Em 1996, a demanda pelos produtos fez Perroud abrir uma loja física. A primeira unidade da Ultra 420 fica localizada na Galeria Ouro Fino, na Rua Augusta (SP). O local passou, nos últimos tempos, por um período de revitalização – e a Ultra também é responsável por esse processo. "A Galeria Ouro Fino não estava muito bem conservada, mas começou a atrair nomes importantes do underground brasileiro", afirma Perroud.
Até o fim da década de 1990, os produtos da tabacaria eram, em sua maioria, importados. Naquela época, no entanto, o Brasil passou por uma crise monetária que prejudicou bastante a Ultra. "Com a desvalorização do Real, o custo de importação dos produtos, literalmente, triplicou", diz. Por causa do fim do câmbio fixo, Perroud teve que fabricar os produtos por aqui. O problema é que ninguém sabia fabricar o mix de produtos que o empreendedor vendia. Por isso, os fornecedores foram aprendendo a produzir os artefatos. "Eu costumo dizer que não fui pioneiro. Eu criei esse segmento", diz o empreendedor.
Em 2007, foi aberta a segunda unidade da Ultra 420, no Rio de Janeiro. Mais ou menos na mesma época, Perroud apostou na criação da Ultraeco, empresa especializada em papéis para enrolar fumo. A princípio, a Ultraeco chegou a ter 75 funcionários, mas hoje a produção é terceirizada.
Nas unidades da Ultra 420, é possível encontrar cachimbos, trituradores de fumo, papéis para enrolar, canecas, camisetas, tabaco orgânico e acessórios em geral. Um produto inusitado é o "narguile eletrônico", um dispositivo que solta uma fumaça aromatizada e pode ser usado por quem quer parar de fumar.
Além dos desafios macroeconômicos, Perroud sofreu com a desinformação de algumas pessoas. "Recebíamos pais revoltados ao encontrar nossos produtos com drogas, bem como policiais em busca de substâncias ilícitas, mas esse tipo de episódio foi ficando mais raro com o passar dos anos", afirma.
Nos próximos meses, será inaugurada a unidade de Niterói. Para o futuro, a empresa planeja uma expansão maior, mas sem recursos próprios "Estamos estruturando a Ultra para entrar no sistema de franquias", diz. Mais informações no site da empresa.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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