Com sanduíches de carne de jacaré e de avestruz, três empresários de Campo Grande (MS) resolveram incrementar o cardápio da Safari Hamburgueria, que também serve hambúrgueres de carne seca, de ponta de costela, de picanha e de proteína de soja.
Atualmente, a Safari Hamburgueria, aberta em 2010, tem duas unidades próprias e fatura R$ 300 mil por mês. A empresa quer virar franquia no segundo semestre deste ano.
A partir de março, o empresário Diogo Saad, 29, e os sócios Rafael Petinari, 28, Renato Pasolini, 27, planejam fazer um curso para se tornarem franqueadores. "Não calculamos os valores de investimento e faturamento dos franqueados ainda, mas devemos começar a expansão pela região Centro-Oeste", afirma Saad.
Por mês, a empresa produz 1,5 tonelada de hambúrgueres com carne seca, de ponta de costela e de picanha. As carnes de avestruz e jacaré são cortadas aos pedaços e preparadas na chapa. São utilizados de 55 kg a 60 kg de carne de jacaré e 45 kg de carne de avestruz. As carnes exóticas representam 10% das vendas da lanchonete.
Ao todo, a lanchonete oferece 20 opções de sanduíches que custam de R$ 15,80 a R$ 21,90. O preço pode subir se vier acompanhado de batata frita (R$ 8) e refrigerante (R$ 4). Por mês, são atendidos aproximadamente 12 mil clientes, de acordo com Saad. O gasto médio do público é de R$ 25.
As carnes de jacaré e de avestruz são servidas dentro de um pão francês ou em porções, acompanhadas de cebola e molho. Segundo Saad, elas são compradas de criadores nacionais autorizados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) a comercializar o produto.
Investimento inicial foi de R$ 90 mil
Para abrir o negócio, o trio investiu R$ 90 mil do próprio bolso na reforma do ponto e em mobiliário. Um ano depois, já com a receita da empresa, os sócios injetaram mais R$ 200 mil na modernização da cozinha, de acordo com Saad.
Em 2012, quando foi aberta a segunda unidade, foram aplicados mais R$ 200 mil no negócio, segundo o empresário. "O custo foi alto porque criamos uma identidade visual forte, que remete à savana africana. É esse padrão que vamos passar aos futuros franqueados", declara.
Concorrência com redes internacionais dificulta entrada no mercado
Segundo a gestora de projetos do Sebrae-MS (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul) Lucielle Lima, o segmento de hambúrgueres e lanches já conta com grandes redes como McDonald's e Burger King, o que dificulta a entrada do pequeno empresário.
Lima diz que, para atrair a atenção da clientela, uma lanchonete precisa ter uma identidade visual forte e um cardápio diferenciado.
"Se o cardápio ou o ambiente têm o apelo regional, as chances de atrair o público são maiores. No caso da Safari, foi usada a carne de jacaré, que é uma comida típica da região, e a de avestruz, que é diferente", afirma.
No entanto, a gestora do Sebrae diz que o regionalismo também pode ser um limitador para o negócio. "Um cardápio pode dar muito certo em Campo Grande, mas não ter a mesma aceitação em São Paulo porque os gostos são diferentes."
Consumo de carne exótica estimula crueldade, diz ativista
Para a presidente da Anda (Agência de Notícias de Direitos Animais), Silvana Andrade, o consumo de carnes exóticas, como a de jacaré e avestruz, em estabelecimentos comerciais estimula hábitos cruéis contra os animais.
"Já não basta matar bois, galinhas e porcos para comer a carne? É possível ganhar dinheiro com produtos nutritivos que não estimulem a crueldade de sacrificar um animal", declara.
Segundo Andrade, existem hambúrgueres feitos com matéria-prima vegetal que são saborosos e poderiam substituir a carne. "O sabor está no tempero e não na carne. Por que não induzir hábitos saudáveis sem ferir a ética e o direito à vida do animal?", diz.
Fonte: Uol
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