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Os desafios do mercado de trabalho israelense

05/03/2014

A alta tecnologia das startups de Israel contrasta com alguns desafios sociais do país. Enquanto a maior parte da população israelense tem um nível de bem-estar social comum apenas em países desenvolvidos, uma pequena parcela tem um problema de difícil resolução. Trata-se da dificuldade de assimilação econômica e social de dois grupos que em algumas crenças são quase opostas: os árabes israelenses e os judeus ultraortodoxos.

É curioso imaginar que segmentos tão distintos da sociedade israelense encontrem-se, ao menos no aspecto econômico, paradoxalmente tão próximos. A participação dessas duas comunidades na população economicamente ativa está muito abaixo da sua representatividade demográfica.

No caso dos homens ultraortodoxos, apenas 48% participam do mercado de trabalho (versus 86% de adultos homens na média dos países desenvolvidos). Curiosamente, as mulheres deste grupo são mais atuantes: 66% encontram-se economicamente ativas. Isto se explica em função de uma crença ortodoxa, segundo a qual a comunidade deve garantir os meios de subsistência a todo homem que desejar realizar estudos bíblicos e talmúdicos.

Já no caso dos árabes israelenses, a situação é inversa: enquanto 76% dos homens árabes trabalham, apenas 29% das mulheres encontram-se na mesma situação. Mais uma vez, boa parte dos analistas atribui tal dinâmica a questões de tradição religiosa, já que nas famílias muçulmanas mais rigorosas é extremamente comum que as mulheres fiquem confinadas à vida no lar.

Essa dinâmica de participação econômica seria menos preocupante não fosse por um fato: os judeus ultraortodoxos e os árabes israelenses são os grupos que mais crescem demograficamente na Israel moderna. Caso esse quadro não seja alterado, uma parcela cada vez maior da população permanecerá dependendo de subsídios do Estado e a pujança econômica do país será severamente impactada nas próximas décadas.

Os setores de venture capital e de alta tecnologia, que são os que mais crescem no país, podem se beneficiar tremendamente ao absorver mão-de-obra altamente educada e até então desempregada. Mas só será capaz de transpor o status quo se puder criar ambientes de trabalho igualitários (no caso dos árabes) e compatíveis com as crenças desses grupos.

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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