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Publicitários criam movimento que estimula o uso de bermuda no trabalho

22/01/2014

No final de dezembro de 2013, o prefeito carioca Eduardo Paes publicou um decreto que liberou o uso de bermudas na altura dos joelhos para servidores municipais, motoristas de táxi, de ônibus, e de vans e kombis credenciadas do Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma forma de amenizar a sensação térmica da cidade, que chega a beirar 50°C em alguns dias do verão. Sem saber, Paes ajudava simultaneamente três publicitários cariocas que buscam, nas altas temperaturas da cidade, a justificativa ideal para dar início ao “Bermuda Sim” – um movimento que visa dar à peça um status de “roupa para trabalho”.

No começo deste ano, Guilherme Anchieta, Ricardo Ranieri e Vitor Damaceno colocaram no a ro site do projeto. A página, além de divulgar a proposta, faz uma defesa à bermuda. E propõe que os trajes pesados, como ternos, não são tão condizentes ao clima tropical do Brasil. “Na verdade, a bermuda é um símbolo, uma bandeira. Queremos conforto e qualidade de vida no ambiente de trabalho”, explica Anchieta.

O site do movimento também tem outra função. Ele permite que funcionários de todo tipo de empresa indiquem o e-mail de seus chefes para que uma mensagem autorizando o uso da bermuda seja enviada para eles. Em funcionamento há menos de um mês, dois mil e-mails foram disparados a pedidos de todos que já sentiram o calor na pele. Além disso, o trio pensou em dez mandamentos humorados para usar a peça, os chamados “bermudamentos”. A lista pode ser encontrada no final da página.

Apesar de o movimento ter sido inicialmente pensado para a cidade do Rio de Janeiro, o publicitário se surpreendeu com a adesão de pessoas do país inteiro, sobretudo dos paulistas. Segundo ele, ações e posts em redes sociais já começaram a ser pensadas para além da capital fluminense.

O movimento vai de acordo com o que o empreendedor Guilherme Spitz difunde em sua própria empresa, no Rio de Janeiro. Dono da confecção de roupas e souvenires Carambola, ele mesmo troca a calça pela bermuda sempre que possível. “A bermuda não expressa a qualidade do profissional”, afirma.

Voltada para o segmento turístico de alto luxo, a Carambola atende desde hotéis até Duty Frees de aeroportos. Mesmo assim, Spitz não dita regras quanto à vestimenta de seus funcionários. “Eu sinto que as pessoas ficam mais à vontade no trabalho. Até a semana passa mais rápido quando elas vestem o que querem”, diz.

Se por um lado o empreendedor apoia o Bermuda Sim no Rio de Janeiro, por acreditar ser um estado de espírito do carioca, Spitz não pensa o mesmo de outras cidades. “A bermuda não seria muito bem visto em São Paulo. Também não acredito que funcione em todas as empresas. Em algumas mais formais de advocacia, ou mesmo em bancos, o formalismo impera.”

Anchieta, no entanto, conta que recebe fotos e depoimentos até de funcionários de empresas do mercado financeiro desfilando suas bermudas, o que não surpreende Luiz Edmundo. Para o psicólogo e diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), a peça de roupa se aplica a muitos ambientes de trabalho. “Eu vejo muitos profissionais de bermuda quando viajo pelo mundo, principalmente no setor de hotelaria. Se o cliente está descontraído, por que o atendente não pode estar?”, questiona Edmundo. Sobre as regras de vestimenta, o diretor diz que o bom senso e equilíbrio devem ser os pontos para se orientar.

Mesmo tendo a opinião de que nem sempre a bermuda é solução de um ambiente de trabalho, o psicólogo explica que a maneira de se vestir é essencial para a produtividade do profissional. “Hoje a tecnologia está serviço das pessoas para modernizar a forma como elas se vestem”, diz. Para ele, o movimento contribui para a descontração, mas a mudança de postura não deve vir somente de chefes e funcionários. “Nós estamos em um processo evolutivo, o cliente deve ajudar. A abrangência do movimento vai depender dessa receptividade.

Confira os dez bermudamentos:
1. Bermuda é só a partir dos 29,8°.
2. Tamanho da bermuda: 3 dedos acima ou abaixo do joelho.
3. Short de surfe não é bermuda.
4. Uniforme de time não é bermuda.
5. Samba-canção...ah, toma vergonha na cara.
6. É proibido usar floral. Proibido! Em qualquer lugar!
7. Dia de reunião, nada de bermuda.
8. Não é porque está de bermuda que pode usar regata.
9. Se mais de 2 pessoas zoaram a sua bermuda, é porque ela não é apropriada.
10. Não repetir a bermuda mais de 2 vezes por semana. Não força, vai...

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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