A Yunus Brasil inicia, nesta segunda-feira (19/05), a incubação de sete novos negócios sociais.
Os selecionados, que participaram de uma disputa com mais de 140 concorrentes, terão três meses de programação intensiva para aperfeiçoar seus processos. Durante esse período, os empreendedores assistirão a palestras sobre temas como gestão financeira, planejamento estratégico e branding.
Segundo a entidade, os negócios sociais contarão ainda com a ajuda de especialistas das áreas de futurismo, novas tecnologias, inovação social, design thinking, economia colaborativa e técnicas para ser uma startup enxuta.
O programa também oferecerá sessões semanais de mentoria para os empreendedores. Nelas, o time de especialistas da Yunus Negócios Sociais Brasil apontará os desafios a serem resolvidos pelas empresas selecionadas. Consultores voluntários da Boston Consulting Group, consultoria global e parceira da Yunus, também ajudarão no processo.
Para Rogério Oliveira, sócio de Muhammad Yunus e responsável pela gestão da rede Yunus Negócios Sociais no Brasil, o objetivo é oferecer conhecimento de temas transversais, garantir profundidade de forma customizada e mostrar a realidade e os desafios em manter um negócio social. “Todo o processo de incubação e aceleração é gratuito, graças ao apoio da Fundação Via Varejo”, diz Oliveira.
Um negócio social, segundo a Yunus, atua na solução de um problema da sociedade e não tem o lucro como objetivo principal.
Os empreendedores deste tipo de negócio recebem um salário e podem ter ainda uma remuneração variável em função dos resultados de impacto social alcançados. O objetivo deles não é maximizar o lucro, mas sim o impacto social.
As empresas selecionadas oferecem soluções a diversos problemas enfrentados pela sociedade. Confira os escolhidos:
Solar Ear
Problema: o Brasil tem 10 milhões de deficientes auditivos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 77% não têm acesso aos aparelhos devido aos altos custos de aquisição. Alguns deles enfrentam filas de até três anos para serem atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Muitos, depois, não conseguem arcar com o preço das baterias.
Solução: a Solar Ear fornece aparelhos auditivos de baixo custo e recarregáveis por energia solar. A empresa já tem experiência e atua em mercados internacionais. Em dezembro de 2013, ela obteve autorização da Anvisa para vender no Brasil, de acordo com matéria de Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
Meu Doutor
Problema: agendamento de consultas e enormes filas de espera do SUS.
Solução: um site que promova um ponto de encontro entre pessoas que precisam de atendimento de saúde e médicos que querem prestar o serviço gratuitamente. A solução pretende facilitar a atividade voluntária de médicos, que atenderão a pessoas carentes no conforto de seu consultório ou hospital.
Hortas Urbanas
Problema: a alimentação no Brasil é um problema de saúde pública que ganha ainda mais ênfase nas classes de baixa renda. "Apenas 10% da população brasileira consome legumes e frutas dentro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", diz Cyrille Maxime Bellier, o empreendedor francês que lidera o projeto.
Solução: ainda no papel, a ideia pretende trazer práticas internacionais de agricultura urbana para o Brasil. O objetivo é criar hortas que facilitem o acesso da população da cidade a uma quantidade de alimentos saudáveis, educação alimentar e mudança de hábitos.
Saneamento Sustentável
Problema: o saneamento básico no Brasil é precário. “Existem 7 milhões de pessoas sem acesso a banheiro no país”, afirma Thais Almeida Costa, uma das empreendedoras do projeto.
Solução: a iniciativa pretende fornecer uma tecnologia que leve saneamento barato à população e, ao mesmo tempo, valorize a cadeia produtiva e preserve o meio ambiente.
Nossa Cidade
Problema: as pequenas cidades, com menos de 50 mil habitantes, possuem uma situação socioeconômica desprivilegiada. "ONGs, agências governamentais, empresas e indivíduos têm dificuldade em levar soluções para pequenas cidades do interior", diz Renato Pereira, empreendedor líder do projeto.
Solução: o projeto pretende ser uma distribuidora de tecnologias sociais para o interior do país. E o que são tecnologias sociais? "São produtos, métodos, processos ou técnicas criadas para resolver um problema social", diz Pereira.
Finanduca
Problema: a educação financeira é pouco explorada no país. O conhecimento é importante para a população empreender e não ter dívidas.
Solução: o Finanduca é uma plataforma interativa, ainda em fase de projeto, que usa jogos e competições para ensinar a gerir o dinheiro. O conceito é pensado para crianças e jovens.
A Gente Transforma
Problema: despertar e resgatar valores em comunidades carentes e seus indivíduos.
Solução: capitaneado pelo arquiteto Marcelo Rosembaum, o projeto prevê a criação de artesanatos de alto valor agregado. Os produtos serão levados para feiras de decoração, eventos de design internacionais e, depois, comercializados em lojas de decoração no Brasil.
Além dos sete selecionados, dois projetos internos da Yunus Brasil serão trabalhados na incubadora: uma plataforma para conectar jovens e uma iniciativa ligada ao varejo.
A Yunus Brasil é o braço local da Yunus Social Business Global, fundada pelo Nobel da Paz, Muhammad Yunus. Seu objetivo é auxiliar na criação de novos negócios sociais ou no desenvolvimento de iniciativas que já estejam no mercado e desejem receber suporte para acelerar seu crescimento.
Muhammad Yunus desenvolveu o que viria a ser o modelo de negócios sociais no fim dos anos 70. Em 1983, fundou um banco, o Grameen Bank, que emprestava dinheiro aos pobres de Bangladesh a juros módicos. Em 20 anos, emprestou mais de US$ 13 bilhões a 8,3 milhões de pessoas que, em sua maioria, mal conseguiriam abrir uma conta em um banco comum.
Depois disso se envolveu diretamente na criação de mais de 50 outros negócios sociais. Atualmente a Yunus Social Business está presente em seis outros países além do Brasil: Haiti , Albânia, Tunísia, Togo, Colômbia, Índia e previsão de abertura de uma unidade no México ainda em 2014.
Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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